Inflação obriga argentinos a reduzir consumo de carne

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Os argentinos recusam a pressão, mas foram atingidos onde mais lhes dói: na carne de vaca. Inflação a 300% a recessão económica afeta poder de compra e argentinos são forçados a tomar decisões.

FILE PHOTO: A customer counts money before paying at a butcher shop, as inflation in Argentina hits its highest level in years, causing food prices to spiral, in Buenos Aires, Argentina September 13, 2022. REUTERS/Agustin Marcarian

A carne de bovino argentino é considerada como uma das melhores do mundo, mas os argentinos mal lhe conseguem tocar. Só este ano, o consumo de carne bovina diminuiu perto de 16% neste país da América do Sul.

A causa para esta queda? A inflação a três dígitos e a severa recessão que se abate sobre o país. Os argentinos que adoram a sua parrilla foram forçados a apertar o cinto.

“A carne bovina é parte integrante e fulcral da dieta argentina. É como se os italianos eliminassem a pasta do prato”, aponta a argentina Claudia San Martin à “Reuters”. Apesar do dinheiro ser curto, Claudia, como outros argentinos, admite cortar em outras compras, mas que a carne de vaca é sagrada.

Mas este consumo tem vindo a diminuir consistentemente ao longo das décadas. Na década de 1950, cada argentino comia cerca de 100kg de carne bovina ao ano, um valor que se reduziu para 52kg no ano passado e os analistas preveem uma nova diminuição para os 44kg este ano.

A queda, dizem os entendidos na economia argentina, devem-se à mudança para outros tipos de carne, como porco ou aves, mais baratas que as de vaca, mas também à inflação de quase 300% e à estagnação económica.

“A situação neste momento é crítica. Os consumidores estão a tomar decisões a pensar apenas nas carteiras”, apontou Miguel Schiariti, responsável da associação de carnes. Schiariti não acredita que o consumo venha a recuperar nos próximos meses, esperando mesmo uma redução contínua.

“A carne de bovino não é assim tão cara, mas o poder de compra foi severamente afetado”, apontou um produtor de carne argentina.

Apesar de muitos produtores se queixaram, há boas notícias para a economia liderada por Javier Milei: as exportações deste bem aumentaram. Mas menos boas? Os preços globais continuam abaixo do esperado.

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