Ingleses «ressentidos» com Ronaldo: «Esta é a geração portuguesa mais talentosa»

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A imprensa inglesa foi particularmente dura com Cristiano Ronaldo, a quem acusa de ter sido o grande problema que impediu uma geração talentosa de mostrar tudo o que vale.

«De certa forma, é difícil não nos sentirmos ressentidos com ele [Ronaldo]: ressentidos com a forma como esta grande oportunidade, do tamanho de uma galáxia, é em última análise reduzida aos interesses do ego de um homem», escreveu o The Athletic.

«Estes podiam ter sido um dos melhores quartos de final de todos os tempos, e, em vez disso, uma parte foi roubada: posse de bola roubada, atenção roubada, minutos roubados a jogadores melhores e que realmente merecem estar lá, em vez de um puro anacronismo cavalgante. Apenas porque ninguém tem influência para dizer ao ego para não fazer isso.»

O jornal de referência em tudo o que é desporto em Inglaterra lembra que Deschamps, por exemplo, teve a coragem de retirar Mbappé de campo, quando percebeu que ele não ia acrescentar nada à seleção francesa.

«Pelo menos a França sabe como funcionar sem o capitão. Portugal, por outro lado, ainda está preso ao seu, a bigorna envolta em correntes que acabará por derrubar tudo», escreve.

«Não faz muito sentido dar-lhe algo para perseguir, ou fazer qualquer passe mais longo do que vinte metros. Se ele descair para a ala esquerda aos 53 minutos, não voltará ao centro até aos 55 minutos. Ele comete erros terrivelmente simples. Ele exige bater um livre de ângulo impossível, e de alguma forma consegue acertar nos três jogadores na barreira.»

Ora Roberto Martínez é também fortemente criticado pelo The Guardian, outro jornal de referência em Inglaterra, que não perdoa a incapacidade para retirar Ronaldo de campo.

«Roberto Martinez abordou este Europeu como se estivesse curvado sobre um teclado, à espera para digitar o número 7 e clicar num botão com o rosto de Ronaldo, com medo de que chegasse o fim do mundo se ele não o fizesse», escreveu, numa analogia com a série Lost.

«A falta de golos [de Ronaldo] nunca pareceu incomodar Martinez. O limite que essa decisão impôs ao potencial da seleção portuguesa também não.  Quanto menos Ronaldo fazia pela equipa, mais importante ele se tornava para Martinez. Ele mimava-o. Bajulava-o. No final, havia pouco para separar Martinez dos adeptos que invadiam o campo à procura de selfies, mas até eles pararam de tentar chegar a Ronaldo nos quartos de final. Esta devia ser a seleção mais talentosa de Portugal desde a de 2004: aquela com Luís Figo, Rui Costa, Deco e um jovem Ronaldo. Se há uma lição a ser tirada deste Europeu é que Martinez precisa de entender que deixar Ronaldo no banco não significa necessariamente o fim do mundo.»

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