“Insolvências? O devedor não pode ter medo de falhar”, defende vice-presidente da ANJE

2 horas atrás 24

“O devedor não pode ter medo de falhar. Que haja a capacidade, havendo uma boa ideia e de essa ideia convocar risco, que estejamos todos tranquilos com assunção deste risco. Isso passa, sobretudo, por não penalizar nem castigar quem falha”, alertou o advogado.

Gonçalo Simões de Almeida, vice-presidente da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários, defendeu esta segunda-feira, durante a conferência “Insolvências e a dificuldade de errar em Portugal” organizada pelo Jornal Económico (JE), que o tecido empresarial deve trabalhar a ideia de que é importante “gerir riscos”.

“É preciso mudar, em primeiro lugar, a mentalidade. A forma como os bancos tratam a dívida e calculam os juros do financiamento, por exemplo. Começar pela dívida em vez de começar pelo devedor”, afirmou o sócio da KGSA.

“O devedor não pode ter medo de falhar. Que haja a capacidade, havendo uma boa ideia e de essa ideia convocar risco, que estejamos todos tranquilos com assunção deste risco. Isso passa, sobretudo, por não penalizar nem castigar quem falha”, alertou o advogado.

Sobre o problema da concorrência, Gonçalo Simões de Almeida deixa clara a desvantagem em que Portugal se encontra não só com outros países europeus, mas também fora do espaço comunitário.

Questionando o funcionamento dos incentivos em Portugal, Gonçalo Simões de Almeida entende que os incentivos em Portugal “não estão alinhados para nos tornamos mais fortes do que os que estão lá fora”, continuou, fazendo um paralelismo com o concurso nacional de professores em Portugal. “Nós temos um sistema complicadíssimo para os professores se candidatarem a vagas nas escolas. Quem é que está a chegar às escolas? São professores que querem ensinar ou técnicos especializados em burocracia?”.

“Estamos a promover projetos empresariais iguais ao que já existiam, em que não há grande risco, e a filtrar, por meio de um conjunto de incentivos errados, um conjunto de projetos que não são os mais inovadores, mais competitivos e, seguramente, o futuro em que este país devia estar a apostar”, insistiu.

“Não há inovação nem novos modelos sem risco, sem contratação de risco”.

Além do vice-presidente da Direção Nacional da ANJE, participaram no debate organizado pelo JE João Pedro Pinto-Ferreira, professor da NOVA School of Law e co-coordenador do projeto de investigação “IN-SOLVENS: Direito da Insolvência em Portugal – uma análise multidisciplinar”, Francisco Patrício, sócio e membro do conselho de administração da Abreu Advogados, e António Emílio Pires, presidente da APAJ – Associação Portuguesa dos Administradores Judiciais.

Em Portugal, o número de insolvências cresceu 7,7% até agosto deste ano num total de 1.567, de acordo com os dados da Allianz Trade revelados este mês. Em agosto, as insolvências caíram 0,5% face ao mesmo mês do ano passado, correspondendo a 181 empresas em situação de insolvência.

Ler artigo completo