Portugal encontra-se no 19.ª lugar a nível europeu e na 37.ª posição globalmente na lista de inovação nesta área, tendo registado 145 famílias de patentes internacionais (FPI) entre 2002 e 2021. De destacar que a Universidade de Coimbra, a Universidade do Minho e iMM – Instituto de Medicina Molecular lideram, por ordem, o ranking de FPIs (IPFs, na sigla em inglês).
O número de invenções na luta contra o cancro aumentou mais de 70% entre 2015 e 2021, de acordo com o estudo “Patentes e Inovação contra o Cancro” da Organização Europeia de Patente (OEP), publicado em vésperas do Dia Mundial do Cancro.
Portugal encontra-se no 19º lugar a nível europeu e na 37ª posição globalmente na lista de inovação nesta área, tendo registado 145 famílias de patentes internacionais (FPI) entre 2002 e 2021. De destacar que a Universidade de Coimbra, a Universidade do Minho e iMM – Instituto de Medicina Molecular lideram, por ordem, o ranking de FPIs (IPFs, na sigla em inglês).
“Só na UE, mais de cinco milhões de vidas foram salvas graças às invenções no domínio da oncologia, que ocorreram entre 1989 e 2022”, refere a OEP em nota de imprensa emitida a propósito da divulgação do estudo esta quinta-feira.
O INSERM (Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale) e o CNRS (Centre national de la recherche scientifique), sediados em França, “destacam-se como polos fundamentais da inovação no domínio do cancro, ocupando o terceiro e o sétimo lugares a nível mundial entre 2017-2021”.
De acordo com o documento da OEP, nos últimos 50 anos foram dados a conhecer publicamente acima de 140 mil invenções de combate ao cancro.
Na mesma nota, a OEP refere que, citando o Sistema Europeu de Informação sobre o Cancro (ECIS), que se prevê que 31% dos homens e 25% das mulheres sejam diagnosticados com cancro na União Europeia (UE) antes dos 75 anos de idade.
Em comunicado, a OEP indica que o estudo foi redigido tendo em vista apresentar aos “decisores políticos e investigadores um retrato sobre o registo global de patentes no âmbito da luta contra o cancro, descrevendo onde decorreram e quais foram os avanços tecnológicos mais recentes”.
Em Portugal, o tipo de cancro mais comum nos homens é o da próstata, enquanto nas mulheres é o da mama.
O presidente da OEP, António Campinos, afirma, citado no comunicado, que a plataforma digital apresentada esta quinta-feira “terá um papel preponderante na luta contra o cancro, capacitando os cientistas de informação técnica e conhecimento necessários ao desenvolvimento de futuras investigações e apoiando o seu trabalho na criação de novas tecnologias que permitam salvar vidas”.
Desenvolvida por especialistas da OEP em articulação com dez institutos nacionais de patentes da Europa, a plataforma “Technologies combatting cancer” incorpora acima de 130 conjuntos de dados sobre prevenção e deteção precoce, diagnóstico, terapias, e bem-estar e cuidados posteriores.
“A plataforma inclui as 140 000 invenções em que o estudo é baseado, assim como outras adicionais. Esta é a quarta plataforma do género desenvolvida pela OEP, após as plataformas desenvolvidas para o coronavírus, as tecnologias de energia limpa e de combate aos incêndios”, explica a OEP.
Além disso, a OEP alude ao papel que tem no desenvolvimento e comercialização de novas tecnologias de combate ao cancro, estando a atualizar a sua ferramenta “Deep Tech Finder”. Esta tecnologia é responsável pelo mapeamento de cerca de oito mil startups europeias com pedidos de patentes. “Esta ferramenta inclui agora filtros para 17 tecnologias relacionadas com o cancro, facilitando e promovendo o contacto entre as cerca de 1 340 start-ups que detêm tecnologias patenteadas neste domínio e potenciais investidores e parceiros interessados em investir nestas empresas, cujo modelo de negócio está alicerçado em promissoras e valiosas tecnologias (deep tech) de combate ao cancro”, detalha.
Segundo António Campinos, apesar de a Europa ocupar a segunda posição em termos de desenvolvimento de tecnologias relacionadas com o cancro, é possível “evidentemente fazer muito mais”. “E temos de fazer muito mais neste domínio – especialmente quando as previsões indicam que haja um aumento de diagnósticos por doença cancerígena nos próximos anos”, afirmou o antigo diretor executivo do Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO).
A nível mundial, os Estados Unidos lideram a inovação nesta área. A maior economia do mundo é responsável por 50% da totalidade das FPI atribuídas a requerentes americanos entre 2002 e 2021. Segue-se a UE, com 18%, e o Japão (9%).
“Na Europa, a Alemanha tem mantido a sua posição como país líder da origem na inovação relacionada com o cancro, tendo liderado durante as últimas duas décadas. O Reino Unido emergiu rapidamente como o segundo maior contribuinte. A França, a Suíça e os Países Baixos demonstram um aumento constante da inovação relacionada com o cancro, ocupando a terceira, quarta e quinta posições, respetivamente”, detalha o mesmo comunicado, acrescentando que, “mais recentemente, a China deu passos significativos neste domínio, com uma grande contribuição para o panorama global da inovação no domínio do cancro”.
Recordando que “o cancro continua a ser uma das maiores ameaças para a saúde a nível mundial, apesar dos avanços na investigação e na tecnologia”, a OEP aponta para o papel das inovações na redefinição do futuro do tratamento e do diagnóstico do cancro, nomeadamente no que diz respeito as avanços nas imunoterapias e nas terapias genéticas.
“Os esforços de luta contra o cancro têm vindo a ser reforçados graças a novas e melhores tecnologias de tratamento e diagnóstico desta doença. Os avanços nas imunoterapias e nas terapias genéticas desempenham aqui um papel significativo”, refere o documento.
Entre 2015 e 2021, o número de FPI em terapia genética duplicou, enquanto a imunoterapia mais do que duplicou. De acordo com a organização, nesse período observou-se “ainda um aumento substancial da atividade internacional de registo de patentes no domínio do diagnóstico do cancro, especialmente nas biópsias líquidas (ex. amostras de sangue)”.
O relatório aponta, ainda, para os avanços conseguidos na área da informática dos cuidados de saúde, que se centraram “na utilização de técnicas avançadas de processamento de imagem e de algoritmos de machine learning fundamentais para melhorar a precisão e a eficiência da deteção e do diagnóstico do cancro”.
O relatório destaca, ainda, o papel crescente das universidades, dos centros de investigação públicos, dos hospitais e das startups na inovação nesta área, que “desempenham um papel cada vez mais importante na forma as inovações chegam ao mercado”.
“Foram fundamentais em quase um terço das FPI relacionadas com o cancro entre 2002-2021, representando 26% de todas as FPI de requerentes de patentes da UE e 35% das FPI de requerentes dos EUA, ultrapassando significativamente a sua contribuição média em todas as tecnologias”, refere ainda o documento.