A detenção dos soldados na segunda-feira desencadeou protestos furiosos por parte de apoiantes que exigiam a sua libertação, incluindo membros do parlamento e pelo menos dois ministros do governo.
Várias centenas de manifestantes invadiram na segunda-feira a instalação no sul de Israel, conhecida como Sde Teiman, e mais tarde a base militar onde os soldados estavam detidos.
O advogado de defesa, Nati Rom, que representa três dos soldados, referiu à agência Associated Press (AP) que estes eram inocentes e descreveu os alegados abusos de que são acusados, como "atos de sodomia".
Nati Rom destacou ainda que o incidente sob investigação ocorreu em Sde Teiman há um mês, acrescentando que o detido atacou polícias durante uma busca e que os soldados "usaram a força, mas não fizeram nada de natureza sexual". O advogado sustentou que o detido era um militante de alto nível do Hamas.
Os militares não forneceram detalhes sobre a investigação, dizendo apenas que estavam a investigar alegações de "abuso substancial".
Uma investigação da AP e relatórios de grupos de defesa dos direitos humanos expuseram condições abismais e abusos em Sde Teiman, a base militar onde foram detidos a maioria dos milhares de detidos em Gaza durante a guerra.
Num relatório divulgado em abril, a principal agência da ONU para os refugiados palestinianos, a UNRWA, disse que os palestinianos libertados da detenção e enviados de volta para Gaza relataram casos de prisioneiros forçados a despir-se, de fotografias tiradas deles nus e de espancamentos nos órgãos genitais. O relatório não especificou a instalação onde os detidos foram mantidos.
Um recluso contou que foi obrigado a sentar-se sobre uma sonda elétrica que lhe queimou o ânus. Também relataram espancamentos com barras de ferro, coronhas de armas e botas, de acordo com a UNRWA, acrescentando que muitos dos prisioneiros que regressaram tiveram de ser hospitalizados devido a ferimentos ou doenças.
Para além dos alegados abusos que estão agora a ser investigados, as autoridades israelitas têm geralmente negado abusos em centros de detenção para palestinianos.
A audiência do tribunal militar hoje à tarde, na base de Beit Lid, no centro de Israel, pode decidir sobre a prorrogação da detenção dos soldados, o que levanta a possibilidade de novos protestos.
Israel deteve milhares de palestinianos desde o ataque do Hamas, a 07 de outubro, que desencadeou a guerra em Gaza, segundo dados oficiais, embora centenas tenham sido libertados depois de os militares terem determinado que não estavam afiliados no movimento islamita palestinianos.
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