Investigação em psicadélicos nos cuidados paliativos recebe 6,5 milhões de euros. Fundação Champalimaud integra consórcio

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Nos últimos anos tem-se somado evidência a favor da inclusão da psilocibina, um composto presente nos ‘cogumelos mágicos’, no tratamento de doença psiquiátrica, como a depressão resistente e a ansiedade. Agora, pela primeira vez, a União Europeia irá financiar um estudo clínico multicêntrico nesta área.

Dezanove centros europeus, incluindo a Fundação Champalimaud (FC), em Lisboa, integram o estudo PsyPal, no qual se pretende avaliar o impacto desta substância, mais conhecida como droga recreativa, no alívio do sofrimento psicológico em pessoas com doenças incuráveis e que necessitam de cuidados paliativos.

Os doentes, com Parkinson, doença pulmonar obstrutiva crónica, esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica, começarão a ser recrutados em 2025, sendo que, em Portugal, a FC irá focar-se nos pacientes com perturbações do movimento em fase avançada, esclarece-se em comunicado.  

O nosso objetivo é oferecer alívio rápido e eficaz a estes doentes, para os quais as intervenções convencionais muitas vezes são insuficientes

Carolina Seybert

Albino Oliveira-Maia, Diretor da Unidade de Neuropsiquiatria da FC, explica: “Inicialmente, os psicadélicos mostraram-se promissores no tratamento da depressão e da ansiedade em doentes com cancro terminal. No entanto, os resultados foram mais variáveis em doentes com transtornos psiquiátricos na ausência de um diagnóstico de risco de vida, o que nos levou a focar-nos novamente em condições incuráveis. Na FC, exploraremos a eficácia e segurança da psilocibina em pacientes com parkinsonismo em estado avançado”. Carolina Seybert, psicóloga clínica e investigadora da FC, sublinha a urgência de encontrar alívio psicológico ou emocional imediato para doentes paliativos. “O nosso objetivo é oferecer alívio rápido e eficaz a estes doentes, para os quais as intervenções convencionais muitas vezes são insuficientes”.

O estudo PsyPal, coordenado pelo Centro Médico Universitário de Groningen, nos Países Baixos, envolve 19 organizações europeias, de nove países, reunindo psiquiatras, médicos de cuidados paliativos, psicólogos e especialistas em terapia com psilocibina e é financiado pelo Horizonte Europa, o principal programa de investigação e inovação da União Europeia.  

Para mais informação sobre o uso da psilocibina em tratamentos médicos ouça o podcast da Exame Informática.

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