Investir 2% do PIB em Defesa só em 2030? "Devíamos andar mais depressa"

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Segurança e Defesa

20 jun, 2024 - 12:23 • André Rodrigues

Ana Fangueiro, CEO da Sciencentrics, que cria soluções inovadoras para a indústria da Defesa, avisa que a meta estabelecida pelo Governo "pode ser tarde". "A aproximação aos 2% do PIB já devia estar a acontecer há, pelo menos, dois anos".

Portugal devia atingir os 2% do PIB em gastos com defesa ainda antes de 2030, defende na Renascença Ana Fangueiro, diretora da Sciencentris - uma empresa tecnológica da Universidade do Minho que desenvolve soluções inovadoras para a indústria de Defesa.

No dia em que Braga acolhe uma conferência mundial sobre tecnologia avançada no setor da Defesa, Ana Fangueiro contraria o argumento do Governo de que o investimento de 2% do PIB em Defesa nunca será possível antes de 2030.

A CEO da Sciencentris, uma das organizadoras da conferência mundial que, até sábado, junta especialistas e decisores na área da Segurança e da Defesa, lembra que “a Europa vive um conflito e não há como iludir a realidade”.

Por essa razão, “e por não sabermos com que rapidez é que os acontecimentos poderão evoluir”, Ana Fangueiro considera que “devíamos andar mais depressa”, embora entenda que, nesta altura, possa haver outras prioridades que consomem recursos ao Estado português.

Na comparação com países geograficamente mais próximos do conflito entre a Rússia e a Ucrânia – em particular os países bálticos, cujos gastos em defesa já superam os 2% exigidos pela NATO – a responsável da Sciencentris alerta que a distância de Portugal em relação à guerra “é uma ilusão, está mesmo à nossa porta”.

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Portugal alvo fácil? "Corremos esse risco, eventualmente"

Ana Fangueiro admite que o horizonte fixado pelo Governo é “um compromisso entre o necessário e o possível, mas, dado o contexto atual, acho que o horizonte 2030 parece um bocadinho largo e pode ser tarde… Essa aproximação aos 2% já devia estar a acontecer, pelo menos, há dois anos”, aquando do início da ofensiva russa na Ucrânia.

Questionada sobre possíveis consequências para Portugal de um eventual alastramento do conflito na Ucrânia, Ana Fangueiro avisa que, se o país não se preparar em devido tempo, pode tornar-se alvo fácil de eventuais ataques no futuro: “corremos esse risco, eventualmente”.

“Temos os acordos que nos conferem alguma proteção, mas não devemos depender exclusivamente deles e devemos ser contribuintes ativos nestes processos”, acrescenta a CEO da Sciencentris.

A indústria portuguesa está preparada isso”, remata Ana Fangueiro.

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