O Governo vai avançar mesmo para Alcochete seguindo a recomendação da Comissão Técnica Independente. Conheça os milhões em torno da localização do novo aeroporto de Lisboa.
“É um espaço público e está mais próximo de Lisboa”: a 5 de dezembro do ano passado, a Comissão Técnica Independente (CTI), através da líder Maria do Rosário Partidário, definiu como melhor solução para receber o novo aeroporto de Lisboa a solução dual Aeroporto Humberto Delgado + Campo de Tiro de Alcochete.
O Governo vai aprovar esta terça-feira, em Conselho de Ministros, a localização do novo aeroporto de Lisboa, seguindo assim a recomendação da Comissão Técnica Independente (CTI), de acordo com informação avançada pelo “Expresso”. A CTI considerou em março deste ano que a solução única para o novo aeroporto de Lisboa, em Alcochete ou Vendas Novas, a mais “favorável em termos globais”, de acordo com o relatório final.
Tal como ficou expresso na altura, esta opção prevê duas pistas, com a capacidade para 80 movimentos por hora e possibilidade de expansão até quatro pistas. 5.550 pessoas expostas ao ruído. Fica a 40 quilómetros de Lisboa, cerca de 40 minutos e não dispõe de ferrovia. Inicialmente, previa a construção da terceira travessia sobre o Tejo para a ligação ferroviária. Uma das vantagens apontadas na altura é que os terrenos pertencem ao Estado.
Investimento de 8,2 mil milhões de euros
Aquela que foi considerada a melhor opção identificada pela CTI implica um investimento de 8.258 milhões de euros, de acordo com esta Comissão. Este valor consta da avaliação financeira que foi efetuada às várias opções estratégicas para a localização do novo aeroporto de Lisboa.
No cenário central considerado no mesmo estudo, as receitas estimadas para a opção Alcochete com o Aeroporto Humberto Delgado, até ser possível passar para infraestrutura única, apontam para valores de 2.724 milhões de euros no âmbito da atividade não regulada e de 12.045 milhões de euros da atividade regulada (de aviação).
Cinco a sete anos para que obra fique concluída
Ao JE, o presidente da Câmara de Alcochete, Fernando Pinto, mostrou dúvidas sobre a velocidade com que a CTI estima que a nova estrutura de Alcochete possa estar concluída. Os prazos avançados por esta comissão para a conclusão da primeira fase do futuro aeroporto de Alcochete, são de cinco a sete anos. “Acho que esse período de tempo é demasiadamente curto para aquilo que se pretende concretizar”, sublinhou ao JE.
Cinco mil milhões de indemnização à ANA
Se o Estado optar por Alcochete, a fatura pode chegar aos cinco mil milhões de euros sem contar com o custo da infraestrutura. O JE avançou em dezembro do ano passado que a solução mais viável para a construção do novo aeroporto de Lisboa, de acordo com a recomendação da Comissão Técnica Independente (CTI), pode implicar uma indemnização avultada à Vinci.
Detalha o JE que o contrato de concessão assinado em 2012 pelo governo de Passos Coelho garante à ANA direito sobre lucros cessantes em caso de incumprimento do Estado. Fontes ouvidas pelo JE estimam valores até aos cinco mil milhões, já que o termo da concessão apenas se cumpre em 2062.
Alta Velocidade: desvio que beneficia Alcochete custa mais 1,5 mil milhões
Os promotores do aeroporto em Santarém disseram no final de janeiro deste ano que o desvio na linha ferroviária de alta velocidade que beneficia Alcochete obriga a um investimento de 1.500 milhões de euros na ligação entre o Carregado e o Campo de Tiro.
O “desvio da alta velocidade no Plano Ferroviário Nacional, beneficiando Alcochete” foi uma das questões apontadas pelo porta-voz do consórcio promotor do projeto Magellan 500, para um aeroporto em Santarém, que apresentou, em conferência de imprensa, em Lisboa, as linhas gerais da pronúncia ao relatório preliminar da comissão técnica independente (CTI) que fez a avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto e que considerou este projeto inviável.