Irão. Conservadores renovam maioria em eleições com abstenção histórica

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Após três dias de contagem, a Comissão Eleitoral anunciou hoje que foram eleitos 245 deputados na primeira volta das eleições legislativas, a maioria dos quais conservadores, informou a agência noticiosa oficial IRNA.

Outros 45 assentos parlamentares serão decididos numa segunda volta em abril ou maio, uma vez que os candidatos não conseguiram obter pelo menos 20% dos votos nos seus círculos eleitorais, 16 dos quais em Teerão.

O Irão realizou na sexta-feira eleições para o parlamento e para a Assembleia dos Peritos, órgão que elege o líder supremo da República Islâmica, num momento em que país enfrenta um grande descontentamento popular.

O escrutínio foi marcado pela desqualificação de políticos reformistas, que procuram a abertura gradual do país, e de apelos ao boicote.

Segundo os dados provisórios divulgados pela agência IRNA, a afluência às urnas foi de 41%, contra 42,5% nas eleições anteriores, quando a baixa participação foi justificada pela pandemia de covid-19. Em 2016, a taxa de participação foi de 61,6%.

Trata-se da participação mais baixa em 45 anos da República Islâmica, instaurada em 1979, embora as sondagens antevissem uma participação ainda mais baixa, na ordem dos 30%.

Em Teerão, a participação situou-se nos 24%, segundo meios de comunicação reformistas, como o jornal Shargh.

As autoridades não divulgaram os dados oficiais sobre a participação nestas eleições, quando vários políticos e ativistas, incluindo Narges Mohammadi -- a vencedora do Prémio Nobel da Paz 2023, atualmente presa -, apelaram ao boicote.

Apesar da fraca afluência às urnas, as autoridades classificaram o ato eleitoral como um êxito.

"Esta presença, cheia de paixão e compreensão, foi mais um golpe para os obstinados opositores do Irão, depois do golpe histórico que receberam nos distúrbios do ano passado", disse o Presidente do Irão, Ebrahim Raissi, um dia após a votação.

Ebrahim Raissi renovou o seu lugar na Assembleia de Peritos, que é eleita de oito em oito anos, com 82% dos votos na província de Khorasan do Sul, onde concorreu apenas contra um outro rival.

A Assembleia de Peritos poderá assumir uma grande importância no futuro do país devido à idade avançada de Ali Khamenei, o líder supremo do Irão, com 84 anos.

O processo eleitoral ficou marcado pela indiferença e apatia do eleitorado devido à crise económica do país, o afastamento de numerosos candidatos reformistas e o alheamento político, acentuado no rescaldo dos protestos motivados pela morte da jovem curda iraniana Mahsa Amini em setembro de 2022, que estava sob custódia policial por alegado uso indevido do 'hijab' (véu islâmico).

Os protestos, atribuídos pelo Irão a uma potência estrangeira para fomentar instabilidade interna, foram duramente reprimidos (com o registo de cerca de 500 mortos), com o regime de Teerão a endurecer as medidas de controlo sobre o vestuário das mulheres no país.

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