Irão "é obstáculo à paz" entre Israel e Hamas, diz analista

4 meses atrás 55

Numa entrevista à agência Lusa, Scott-Baumann alertou para o facto de a presença do Irão na região estar patente no apoio, por exemplo, ao regime rebelde dos Hutis, no Iémen, contra uma Arábia Saudita suportada financeira e militarmente pelos Estados Unidos.

"Não precisa de ser [um obstáculo]. Mas é. Se o Ocidente quiser implementar o direito internacional, se o Ocidente quiser reconhecer a Palestina, o Irão não se oporá. Penso que o Irão afirma ser um defensor dos palestinianos. Infelizmente, nós, no Ocidente, temos bloqueado as tentativas de reconhecer a Palestina, bloqueando as tentativas de pôr fim à ocupação", sustentou.

Segundo o também mestre pela School of Oriental and African Studies de Londres, que a 11 deste mês lançou em Portugal a edição atualizada do livro "A Mais Breve História de Israel e da Palestina", cobrindo já parcialmente os acontecimentos de 07 de outubro, a ocupação israelita "está no centro do conflito" israelo-palestiniano.

"Todos sabemos que o Hamas manteve discussões com [o primeiro-ministro Benjamim] Netanyahu e o governo israelita. Nenhum dos lados o admitirá, mas estas discussões continuaram. Não creio que o Irão bloqueie as tentativas da comunidade internacional para tentar resolver este problema e garantir direitos iguais para os palestinianos. Exige apenas que o Ocidente mude de tom", sustentou.

"A grande maioria dos palestinianos reconheceria Israel e acolheria favoravelmente um Estado que representa apenas 22% da Palestina original, a dos anos do Mandato Britânico. Penso que o Hamas [apoiado pelo Irão] deixou claro no passado que reconheceria Israel se e quando Israel terminasse a ocupação", acrescentou o ainda professor e conferencista internacional.

Sobre se os ataques dos Estados Unidos e do Reino Unido no Iémen podem provocar uma escalada no conflito entre Israel e o Hamas, Scott-Baumann admitiu que sim, sobretudo porque os Hutis estão bem equipados e armados.

"Podem perfeitamente fazer esses ataques a navios no Mar Vermelho com destino a Israel ou a navios que possam ser considerados 'amigos de Israel'. Mas os Hutis podem atacar com força e os Estados Unidos podem atacar ainda com mais força", opinou.

Sobre se as ligações dos Hutis ao Irão poderão abrir portas a um conflito ainda mais profundo, entre Teerão e Washington, Scott-Baumann considerou que nem um nem outro querem iniciar um confito, uma vez quem mais tarde ou mais cedo, "ambos porão um travão a uma confrontação direta".

"Mas sim, podem, de facto, tornar o conflito mais violento. Houve uma guerra civil no Iémen durante muitos anos em que o opositor aos Hutis era apoiado pela Arábia Saudita. Os Hutis eram apoiados pelo Irão e acabaram por sair por cima. Afinal de contas, a guerra no Iémen é entre o Irão e a Arábia Saudita.

"Os Hutis, tal como muitos Estados árabes, apoiam naturalmente os palestinianos, pois estão chocados com o que o que está a acontecer em Gaza nos últimos três meses. O que o Hamas fez a 07 de outubro foi violento, atroz, com crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Mas Israel tem estado a cometer ainda mais crimes do que os perpetrados pelo Hamas", sublinhou.

Leia Também: Hutis rejeitam ser considerados terroristas pelos Estados Unidos

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