Israel. Cinco rabinos condenam visita de ministro ao Monte do Templo

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Cinco influentes rabinos, incluindo o ex-rabino-chefe sefardita de Israel, Yitzhak Yosef, e o rabino da Cidade Velha de Jerusalém, Avigdor Nebenzahl, condenaram hoje a visita do ministro da Segurança Nacional, Ben Gvir, à mesquita Al Aqsa.

"Não vejam estes ministros do Governo como representantes do povo de Israel. Não representam o povo de Israel. A maioria dos judeus na Terra de Israel e no mundo não sobe ao Monte do Templo", disseram os rabis, utilizando o termo pelo qual é conhecida em hebraico a Esplanada das Mesquitas, o terceiro ponto mais importante do Islão.

"Por favor, ajam para acalmar as coisas. Todos acreditamos num só Deus e queremos a paz entre as nações, e não devemos deixar que os extremistas nos guiem", acrescentaram os rabinos, referindo-se à visita do ministro ultra-radical Ben Gvir à mesquita, que o Governo palestiniano classificou como "provocatória".

De acordo com o `status quo` em vigor desde 1967 -- quando Israel ocupou a parte oriental de Jerusalém, onde se situa a Esplanada -- o local está reservado exclusivamente ao culto dos muçulmanos, enquanto os judeus só podem entrar como visitantes, uma vez que as leis judaicas proíbem os seus fiéis de rezar neste local sagrado, apenas permitido a alguns rabinos.

Hoje, o jornal israelita Yated Ne`eman - ligado ao partido ultraortodoxo Judaísmo da Torá Unida (JUT) - também criticou, num editorial, a visita de Ben Gvir, alegando que "põs em perigo vidas judaicas".

"Para os judeus, subir ao Monte do Templo -- como os judeus definem este lugar -- é como atirar um fósforo para um poço de petróleo", lê-se no editorial do jornal.

O ministro Ben Gvir visitou a Esplanada na manhã de terça-feira, aproveitando o feriado de Tisha B`av, acompanhado por milhares de colonos judeus, e reivindicou o direito dos judeus de ali rezarem - um gesto simbólico que já tinha feito em diversas ocasiões, provocando a indignação da população palestiniana.

Pouco depois, o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, garantiu num comunicado que qualquer legislação sobre o local de culto - o terceiro mais importante para o Islão depois de Meca e Medina -- é competência do Governo e não de um qualquer ministro.

A oração judaica é praticada no Muro das Lamentações - localizado num dos lados da Esplanada - e isto é aconselhado pelo Rabinato Maior de Israel, embora nos últimos anos, alguns rabinos alinhados com o movimento religioso do sionismo tenham alterado esta recomendação e defendam a oração onde foi construído o Segundo Templo.

Para os palestinianos e até para a Jordânia -- país que guarda o local desde 1967 -- esta alteração é mais política do que religiosa, constituindo uma tentativa de judaizar toda a Jerusalém, o que também não agrada aos judeus ultraortodoxos.

A União Europeia (UE), os Estados Unidos e a ONU condenaram na terça-feira a entrada de judeus na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, incluindo o ministro Itamar Ben Gvir.

Tratou-se da terceira vez que o ministro Ben Gvir se desloca à Esplanada das Mesquitas em datas importantes para reclamar o direito dos judeus a rezar no local, provocando a ira da população palestiniana.

A iniciativa foi também foi condenada pelo Egito e pela Jordânia, entre outros países da região.

O Médio Oriente tem assistido a uma escalada de tensões devido à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, iniciada há 10 meses, que já provocou mais de 40.000 mortos, incluindo no Líbano e no Irão.

Em setembro de 2000, a visita do então líder do partido Likud, Ariel Sharon, à Esplanada das Mesquitas desencadeou a Segunda Intifada, uma revolta palestiniana que durou até fevereiro de 2005, com um saldo de milhares de mortos.

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