Israel confirma construção de 3.500 habitações em colonatos da Cisjordânia ocupada

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O Governo israelita avançou hoje com o processo de aprovação para a construção de 3.500 novas habitações para colonos em três colonatos da Cisjordânia ocupada, justificada como uma medida de represália por um recente ataque palestiniano.

O Conselho Nacional de Planificação e Construção emitiu a aprovação final para construir 691 novas vivendas em Efrat, um colonato a sul de Jerusalém, e avançou com o processo para aprovar outras 2.452 casas em Mahale Adumim e 330 em Quedar, a leste da designada Cidade Santa.

No total, serão 3.476 novas habitações para colonos israelitas em território palestiniano.

"Juntamente com as autorizações de construção, estamos a efetuar um enorme investimento no desenvolvimento da infraestrutura de transportes, emprego e qualidade de vida. Os inimigos tentam ferir e debilitar, mas vamos continuar a construir", disse o ministro da Finanças israelita Bezalel Smotrich, dirigente do partido de extrema-direita Sionismo Religioso, em mensagem na rede social X.

Desde 2023, e segundo o ministro, o Governo judaico concedeu 18.515 novas autorizações de construção para colonos na Cisjordânia.

Segundo o projeto inicial, já aprovado pelo Governo israelita em 15 de janeiro, serão destinados 3.600 milhões de shekels (913 milhões de euros) em estradas na Cisjordânia para uso exclusivo dos colonos, 160 milhões (40 milhões de euros) em subsídios para as autoridades dos colonatos e 20 milhões (cinco milhões de euros) para "apoiar as explorações agrícolas [israelitas] na Cisjordânia, muitas delas ilegais", assinalou a organização não-governamental israelita (ONG) Peace Now (`Paz Agora`).

Outros 200 milhões de shekels (50 milhões de euros) estão designadamente destinados a projetos da associação Elad em 2024, que promove a expulsão de palestinianos em Jerusalém leste.

Ao reagir a esta medida, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Nacional Palestiniana (AP), que governa em zonas reduzidas da Cisjordânia, rejeitou a decisão israelita, já anunciada em 23 de fevereiro, ao argumentar que "os colonatos são ilegítimos e ilegais em conformidade com o direito internacional" e constituem um fator de "prosseguimento do conflito e do ciclo de guerras e violência, assim como uma ameaça à segurança e estabilidade da região".

Em comunicado, o ministério pediu "sanções internacionais dissuasoras a todo o sistema racista de colonatos, e a imposição de sanções contra [Itamar] Ben Gvir (ministro israelita da Segurança Nacional e líder do partido de extrema-direita Otzma Yehudit) e Smotrich".

As autoridades do Egito também condenaram hoje a decisão do Executivo israelita, com o ministério dos Negócios Estrangeiros a considerar que "viola as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e as normas do direito internacional", para acrescentar que as "contínuas práticas de anexação e ocupação de territórios palestinianos por parte de Israel não alteram o `staus quo` legal, histórico e demográfico" na região.

O ataque armado de 22 de fevereiro num posto de controlo militar perto do colonato de Maale Adumim, arredores de Jerusalém, provocou um morto e 11 feridos israelitas, servindo de justificação para estas novas medidas de expansão territorial. A polícia disse que os três atacantes palestinianos, residentes na cidade de Belém, na Cisjordânia, foram "neutralizados".

Israel ocupa o território da Cisjordânia e de Jerusalém leste desde a designada Guerra dos Seis Dias de 1967, e mantém desde então um amplo regime de ocupação militar e colonização do território palestiniano, que desde 2023 regista a maior escalada de violência das duas últimas décadas.

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