Tzvika Fogel, deputado da formação Poder Judeu (Otzma Yehudit, OY) do ministro da Segurança nacional Itamar Ben Gvir, apelou na rede social X (ex-Twitter) à "paciência" antes de "meter na ordem" o Supremo tribunal.
"Primeiro vamos vencer o Hamas e depois vamos ocupar-nos do Hezbollah e para a sobremesa meteremos na ordem o Supremo tribunal. Cada um no seu momento. Paciência", escreveu Fogel, conhecido pelas suas declarações controversas.
Na segunda-feira, o Supremo tribunal invalidou um elemento-chave da controversa reforma judicial do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e dos seus aliados de direita e extrema-direita, com oito dos 15 juízes a votarem pela revogação da medida que prevê suprimir o direito do poder judicial de se pronunciar sobre a "razoabilidade" das decisões do Governo ou do parlamento israelitas.
Fogel, um antigo oficial superior do Exército israelita e presidente da comissão parlamentar da segurança nacional, recebeu o apoio do chefe o seu partido, Itamar Ben Gvir, ao declarar que "quem vê neste `tweet` uma comparação entre o Hamas e o Supremo tribunal tem um problema de compreensão do texto".
O ministro do Interior, Moshe Arbel, do partido ultraortodoxo Shas, denunciou as declarações de Fogel, ao considerar que "não existe lugar para designar o Supremo tribunal na mesma linha que os nossos piores inimigos".
Já Benny Gantz, membro do gabinete de guerra e dirigente do Partido de unidade nacional, definiu no X de "desprezíveis e vergonhosas" as declarações de Fogel.
O ministro da Justiça, Yariv Levin, considerado o arquiteto da reforma judicial que procura conceder mais poder ao Executivo em detrimento da Justiça, criticou hoje o Supremo Tribunal e alertou para novas tentativas de aprovação da iniciativa.
O Supremo Tribunal demonstrou "o oposto do espírito de unidade que é necessário hoje em dia para o sucesso dos nossos soldados na frente", disse Levin na sua declaração de resposta ao tribunal, transmitida pelos meios de comunicação locais.
A decisão torna impossível "tomar qualquer decisão no Knesset (Parlamento) ou no Governo sem o acordo do Supremo Tribunal, privando milhões de cidadãos da sua voz", acrescentou Levin.
A decisão do tribunal "não nos vai parar", advertiu o ministro israelita, sem detalhar a estratégia que será seguida, mas referiu que o Governo "continuará a agir com moderação e responsabilidade" durante a guerra.
O ex-primeiro-ministro israelita Yair Lapid, um dos principais líderes da oposição, considerou que o Supremo Tribunal "cumpriu fielmente o seu papel na proteção dos cidadãos de Israel".
A decisão "encerra um ano difícil de luta que nos dilacerou por dentro e levou ao pior desastre da nossa história", declarou Lapid nas redes sociais.
O antigo ministro da Defesa, Benny Gantz, também líder da oposição, mas que se juntou a um governo de emergência desde o início da guerra, apelou ao respeito pela decisão do tribunal, observando que em 07 de outubro "a sociedade israelita tinha ido ao extremo", à "divisão e ao discurso de ódio".
"A decisão deve ser respeitada e as lições aprendidas com a conduta do ano passado", disse Gantz.
O Supremo Tribunal argumentou que a legislação "causa danos graves e sem precedentes às características fundamentais de Israel como um Estado democrático".
O tribunal também determinou "que tem o poder de conduzir a revisão judicial" das leis básicas -- com estatuto constitucional em Israel -- e "intervir nos casos raros e excecionais em que o Knesset excede a sua autoridade constitutiva".
Esta é a primeira vez na história de Israel que o Supremo Tribunal intercede perante uma alteração a uma lei básica.