Israel diz ter recuperado "controlo operativo" do norte de Gaza

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As tropas e forças especiais israelitas, apoiadas por fogo naval e de artilharia, iniciaram a incursão a partir da zona de Al Shati, "atravessaram a cidade de Gaza em menos de duas horas e obtiveram o controlo operativo. Isto reflete o estado debilitado do Hamas no norte" do enclave, indicou o porta-voz do Exército.

O porta-voz referiu-se a "um novo método de operações ofensivas para combater o terrorismo" e assegurou que os soldados "eliminaram infraestrutura terrorista, localizaram material de informações, confiscaram armas e eliminaram terroristas".

Disse ainda que foi "localizado e destruído um túnel subterrâneo que continha elementos dos serviços de informações do Hamas e estava situado sob a sede da UNRWA", a agência da ONU para os refugiados palestinianos.

Na quarta-feira, assegurou ainda o porta-voz, a Força aérea israelita matou Ahmed Ghul, "um comandante do batalhão Al Shati do Hamas que participou no massacre de 07 de outubro" e manteve detida uma militar israelita, "posteriormente assassinada".

O Exército israelita iniciou a ofensiva terrestre na Faixa de Gaza em finais de outubro a partir da zona norte do enclave e tinha reivindicado o controlo total dessa região, mas nas últimas semanas os combates recrudesceram com milícias do Hamas eventualmente provenientes do sul, região que as tropas israelitas também invadiram por terra.

Ainda hoje, o Exército irrompeu no Hospital Naser, em Khan Yunis, o mais importante do sul do enclave, após 25 dias de cerco, e disse possuir "informação credível" de que diversos reféns israelitas foram retidos pelo Hamas no edifício, e que poderiam existir "cadáveres de sequestrados".

Apesar da crescente rejeição internacional, o Governo de Benjamin Netanyahu garante que vai prosseguir o ataque terrestre em direção a Rafah, no extremo sul do enclave e junto à fronteira com o Egito, onde se concentram cerca de dois milhões de palestinianos expulsos de outras regiões do enclave, que sobrevivem confrontados com uma crise humanitária sem precedentes.

A UNRWA indicou hoje que os ataques israelitas destruíram ou danificaram gravemente cerca de 70 por cento das infraestruturas civis na cidade de Gaza.

Numa mensagem nas redes sociais acompanhada de um vídeo de 'drone' mostrando centenas de edifícios arrasados, incluindo "viviendas, hospitais e escolas", a agência da ONU destacou que 84 por cento das instalações de saúde da cidade de Gaza foram afetadas pelos ataques.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.

Nesse dia, 1.139 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 134 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas cerca de 29.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas mais de 68.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.

As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.

A Comissão de Proteção dos Jornalistas, associação com sede em Nova Iorque, revelou ainda que 70 dos 99 jornalistas e trabalhadores da comunicação social mortos em 2023 foram-no "em ataques israelitas a Gaza".

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 07 de outubro, pelo menos 392 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.

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