Israel: Knesset aprova orçamento retificativo para 2024 com aumento nos gastos de defesa

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O documento foi aprovado depois de dois dias de discussão acesa no parlamento, onde o líder da oposição garantiu que este será o último orçamento aprovado pelo governo de Netanyahu. Gastos de defesa disparam à boleia de cortes em programas sociais, sobretudo os orientados para a população árabe.

O parlamento israelita aprovou esta quarta-feira o orçamento retificativo para 2024, um documento que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou como garantia de que a guerra continuará. O orçamento foi aprovado apesar de fortes e marcadas tensões no parlamento e da oposição interna no partido de Netanyahu, além de palavras fortes do líder da oposição.

O orçamento atribui um acréscimo de milhões de shekels, a moeda israelita, ao sector da defesa, isto numa altura em que a ofensiva militar em Gaza entra no sexto mês, sem fim à vista. O limite para a despesa subiu até 584,1 mil milhões de shekels (146,6 mil milhões de euros), ou seja, uma subida de 70 mil milhões de shekels (17,6 mil milhões de euros) que se divide em 55 mil milhões de shekels (13,8 mil milhões de euros) para o esforço militar e o restante para compensações a famílias e negócios deslocados ao longo da fronteira.

O documento foi aprovado com 62 votos a favor e 54 contra após uma intensa e acesa discussão de dois dias no Knesset, o parlamento israelita.

A proposta orçamental contou com a forte contestação de Yair Lapid, líder do maior partido da oposição, que garantiu que este será “o último orçamento deste governo”. Um dos principais focos de discórdia, apesar do acordo geral em torno da necessidade de aumentar os gastos com defesa, prende-se com o corte em vários programas sociais destinados à população árabe do país.

Também a comunidade ultraortodoxa israelita tem estado sob fogo, com a generalidade dos cidadãos seculares do país a oporem-se à alocação de milhões de shekels em programas para os ultraortodoxos. O debate em torno da obrigatoriedade do serviço militar para estes israelitas religiosos também se tem adensado nos últimos meses, dada a vontade do governo de passar a recrutar jovens que, sob o atual regime, estão isentos de servir no exército.

Outro ponto de tensão deu-se com o voto do ministro da Agricultura, Avi Discher, membro do Likud de Netanyahu, se opôs à aprovação do documento até que a crise agrícola do país seja resolvida. Perante a contestação, o primeiro-ministro garantiu que o problema será resolvido até à Páscoa judaica.

O debate foi ainda interrompido quando Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Interna israelita, entrou em acesa discussão com Ahmad Tibi, membro árabe do Knesset, sobre a morte de um jovem palestiniano em Jerusalém Oriental às mãos da polícia israelita. Ben-Gvir, um político de extrema-direita ex-membro do grupo terrorista Kahane, opôs-se à investigação interna lançada pela polícia, argumentado que tal diminuirá a possibilidade de uso de força pelas autoridades israelitas.

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