Israel: Líder da UNRWA "cautelosamente otimista" sobre retoma de apoio

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Nas últimas semanas, cerca de 15 países suspenderam a sua ajuda à UNRWA, na sequência das acusações feitas no final de janeiro por Israel de que alguns dos seus funcionários poderiam ter estado envolvidos no ataque do movimento islamita palestiniano Hamas ao país, a 07 de outubro.

A UNRWA distanciou-se de imediato dos funcionários acusados e abriu um inquérito interno, e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também encarregou a ex-ministra dos Negócios Estrangeiros francesa Catherine Colonna de avaliar o trabalho daquela agência especializada e da sua "neutralidade".

Na sua entrevista à RTS, o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, afirmou estar "cautelosamente otimista" quanto ao regresso de "um certo número de doadores" à organização "nas próximas semanas", especialmente "após a divulgação do relatório de Catherine Colonna".

"Acredito também que alguns países do Golfo vão até aumentar as suas contribuições para a agência", acrescentou.

O Canadá e a Suécia anunciaram na sexta-feira e hoje a retomada dos seus financiamentos da UNRWA, que tinham suspendido.

Por seu lado, Espanha anunciou na quinta-feira uma ajuda adicional de 20 milhões de euros para a agência da ONU, após uma primeira ajuda suplementar de 3,5 milhões de euros decidida na semana passada.

A 01 de março, a União Europeia (UE) tinha também decidido desbloquear uma ajuda de 50 milhões de euros à UNRWA.

Perante a situação em que se encontra a organização que dirige, Lazzarini disse à RTS estar em "piloto automático".

"Atualmente, tenho de gerir uma situação existencial para a nossa agência, numa região que está a atravessar uma crise sísmica que terá certamente impacto nas próximas décadas", afirmou.

"A agência está em perigo de morte, em risco de ser desmantelada", observou.

Na sua opinião, sem a Unrwa, os jovens palestinianos ficarão privados de um ambiente educativo estável, o que "simplesmente lançará as sementes para mais ódio no futuro".

No caso de uma ofensiva israelita a Rafah, onde se encontram cerca de 1,5 milhões de palestinianos, segundo a ONU, "é provável que as pessoas tentem fugir para o Egito" e que a Faixa de Gaza "deixe de ser uma terra para os palestinianos".

A 07 de outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis.

O Hamas sequestrou nesse dia também cerca de 250 pessoas, 130 das quais permanecem em cativeiro em Gaza e 31 terão entretanto morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas, após a libertação de mais de uma centena de reféns, em troca de 240 prisioneiros palestinianos, durante um cessar-fogo de uma semana ocorrido em novembro.

Em retaliação ao ataque do Hamas, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o movimento islamita palestiniano, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 155.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza quase 31.000 mortos, pelo menos 72.298 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

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