Israel: negociações falharam no Cairo mas recomeçam no Qatar

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Estados Unidos continuam a afirmar que o acordo ainda é possível, mas na prática os envolvidos não conseguem registar qualquer desenvolvimento positivo. Netanyahu envia uma equipa de segunda linha para a nova ronda.

FILE PHOTO: A man walks with a Palestinian flag, as Palestinians clash with Israeli forces during a protest against what organizers say are Israel’s measures of keeping bodies of dead prisoners, near Qalandia in the Israeli-occupied West Bank December 27, 2022. REUTERS/Mohamad Torokman/File Photo

Não houve avanço consistente na tentativa de acordo nas negociações de cessar-fogo e de troca de reféns que ocorrem no Cairo:  nem o Hamas nem Israel concordaram com os vários compromissos apresentados pelos mediadores, lançando mais dúvidas sobre a possibilidade de as partes se entenderem – com base nos pressupostos apresentados pelos Estados Unidos. O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, continua com esperança de que o acordo ainda seja possível – mas o certo é que as duas partes envolvidas na guerra afirmam que não estão disponíveis – e os combates seguem ao ritmo de sempre.

O principal problema continua a ser o chamado Corredor de Philadelphi – uma estreita língua de terra que separa Gaza do Egipto e que Israel quer continuar a patrulhar para impedir o rearmamento do Hamas. Os mediadores apresentaram uma série de alternativas à presença das forças israelitas – o mesmo acontecendo no Corredor Netzarim (que corta a meio a Faixa de Gaza), mas nenhuma foi aceita pelas partes, disseram fontes egípcias citadas pela agência Reuters.

Mesmo assim, os Estados Unidos não desistem e tentam manter as negociações esta quarta-feira, desta feita em Doha. Mas esta ronda está também ela votada ao fracasso. Desde logo porque Israel enviou uma delegação de baixo nível – que não terá capacidade, como já sucedeu antes, para tomar posições definitivas sobre a matéria em análise. O gabinete do primeiro-ministro confirmou a presença em mais uma ronda das negociações, mas não deu detalhes sobre a composição da delegação – o que levou os jornais do Estado hebraico a avançar que a delegação que se dirigirá ao Qatar será composta por funcionários de nível de trabalho da Mossad, do Shin Bet (as duas agências de informação) e das forças de defesa (IDF). A equipa continuará a conversar com mediadores dos Estados Unidos, Qatar e Egipto com o objetivo de preencher as lacunas remanescentes do acordo, referem as mesmas fontes, mas sem capacidade de decisão imediata.

Esta terça-feira, o porta-voz da Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que as negociações no Cairo continuaram mesmo depois de a delegação israelita ter abandonado os trabalhos na noite de domingo e que em Doha as discussões serão realizadas, “ao nível de grupo de trabalho”, para resolver questões específicas. Kirby rejeitou a sugestão de que as negociações foram interrompidas e disse que, pelo contrário, continuam “construtivas”, desta vez no Qatar.

Assim, o que está previsto para esta quarta-feira é que os mediadores se debrucem sobre outros aspetos, deixando de lado a questão dos corredores – que será retomada mais tarde, ainda segundo a Casa Branca. Entre outras questões está o tema da vontade de Israel vetar a libertação de alguns prisioneiros de segurança palestinianos.

Israel acredita que 104 reféns permaneçam em Gaza, incluindo os corpos de 34 mortos confirmados pelas IDF. O Hamas libertou 105 civis durante a trégua de uma semana no final de novembro, e quatro reféns foram libertados antes disso. Oito reféns foram resgatados por tropas com vida, e os corpos de 30 outros também foram recuperados, incluindo três mortos por fogo ‘amigo’.

Esta terça-feira, as IDF conseguiram libertar mais um refém: o israelita Farhan al-Qadi foi resgatado de um túnel no sul da Faixa de Gaza. Al-Qadi, de 52 anos, foi encontrado por comandos da unidade Shayetet 13 da marinha israelita e tropas da unidade de engenharia de combate de elite Yahalom, disseram as IDF, citadas pela imprensa israelita. A operação foi liderada pelo Comando Sul das Forças de Defesa de Israel, pela agência de segurança Shin Bet e pela 162ª Divisão da IDF.

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