Já são 18 mortos em ataque a campos de deslocados na RDCongo, diz ONU

1 semana atrás 46

"Um total de 18 pessoas deslocadas foram mortas e 32 outras ficaram feridas, 27 das quais gravemente, na sua maioria mulheres e crianças", em resultado de bombardeamentos mortíferos dos campos de deslocados de Lac-Vert e Mugunga, a poucos quilómetros da cidade de Goma, capital da província do Norte do Kivu e uma das cidades mais populosas do leste do país, afirmou hoje o OCHA num boletim informativo.

O último balanço apontava para 14 mortos.

"As atividades humanitárias foram retomadas nos locais afetados e nas suas imediações, após uma suspensão quase geral observada após este incidente", acrescentou a entidade das Nações Unidas.

O Governo congolês e os Estados Unidos acusaram o Ruanda e o grupo rebelde Movimento 23 de março (M23) da autoria dos ataques.

Em contrapartida, o Ruanda responsabilizou o grupo rebelde Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundado em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses hutus exilados na RDCongo, que colabora com o exército congolês.

Também o M23 negou estar por detrás dos bombardeamentos, mas o OCHA indicou que as bombas vieram da linha da frente entre o M23 e o exército da RDCongo, junto à cidade de Sake, perto de Goma.

O M23 é um dos mais de 100 grupos armados ativos no leste da RDCongo, muito rica em ouro, metais raros fundamentais às maiores tecnológicas mundiais e vários outros recursos minerais.

O M23 - constituído em 04 de abril de 2012, quando 300 soldados das Forças Armadas da RDCongo se sublevaram por alegado incumprimento do acordo de paz de 23 de março de 2009, que dá nome ao movimento, e pela perda de poder do seu líder de então, Bosco Ntaganda - voltou a pegar em armas no final de 2021, depois de uma década adormecido.

Desde então, conquistou grandes áreas do território do Kivu do Norte e provocou a deslocação de centenas de milhares de pessoas na província de Kivu do Norte.

Desde o início de outubro, após meses de relativa calma, o M23 avançou em várias frentes e detém atualmente o controlo das estradas que ligam o resto do país a Goma, uma cidade estratégica com mais de um milhão de habitantes e onde se encontram numerosas ONG internacionais e instituições da ONU.

As Nações Unidas apontam para a existência de mais de sete milhões de pessoas deslocadas no leste da RDCongo, no que constitui uma das maiores crises humanitárias do mundo.

Os combates estão também a provocar um aumento das tensões entre a RDCongo e o Ruanda devido à colaboração de Kigali com o grupo rebelde, que as autoridades ruandesas sempre negaram, mas foi confirmada pelas Nações Unidas. O Presidente ruandês, Paul Kagame, não tem também escondido o apoio ao M23.

Em contrapartida, o Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de cooperar com as FDLR, colaboração também confirmada pela ONU.

O leste da RDCongo está desde 1998 mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército congolês, apesar da presença da missão de paz da ONU no país.

A RDCongo acusa o Ruanda e o M23 de tentarem deitar a mão aos minerais no leste do Congo. O M23, pelo seu lado, alega estar a defender uma parte ameaçada da população e apela a negociações, que Kinshasa recusa, por alegadamente excluir "conversações com terroristas".

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