Jaime Freitas: “Os empresários portugueses têm investido pouco em Angola”

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Jaime Freitas, um dos fundadores do Grupo Cosal, foi a figura homenageada no evento Doing Business Angola, e defendeu que os portugueses podiam investir mais em Angola.

Jaime Freitas, empresário angolano, um dos fundadores do Grupo Cosal, foi a figura destacada na segunda edição do evento Doing Business Angola, conferência organizada pela Forbes África Lusófona e pelo Jornal Económico, que decorreu ontem em Lisboa. O evento traz à discussão o potencial económico de Angola e o seu papel fundamental como porta de entrada na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral.

Jaime Freitas referiu, durante o seu discurso da entrega do galardão que “os empresários portugueses estão a investir pouco em Angola, ou, aliás, estão mesmo a desinvestir de uma forma eu não considero muito oportuna”. Explica que com o aumento de projetos em desenvolvimento, como o Corredor do Lobito ou novas barregens, precisamos, por exemplo, de cimento, e as cimenteiras portuguesas que existiam não estão a ser dinamizadas”.

Jaime Freitas refere que agora, que já está de alguma forma afastado da gestão da Cosal, está muito ligado a questões de infraestruturas turísticas, e acredita que o turismo em Angola vai desenvolver a partir do sul do país, onde já começou a investir.

Para ele, a língua e a proximidade cultural determinam que os portugueses poderão fazer muito mais em Angola, e se surgem instrumentos financeiros, de fundos europeus, ou internacionais, esta é uma forma de complementar os grandes projetos. “Porque precisamos de know how e de capital, porque emprego e gente para ser empregada temos em demasia”, refere.

Iniciou a sua intervenção agradecendo a todos os que contribuíram para esta homenagem, como todos aqueles que estiveram com ele na sua trajetória profissional, desde a Sacor Portuguesa e a Sonagol, e todos os que estiveram ao seu lado na empresa que engrandeceu ao longo de 30 anos, a Cosal. “Foi uma ventura ter investido na Cosal, com a desvalorização do kwanza, que nos obrigou a diversificar e começamos a investir em outros setores, como a indústria hoteleira e no turismo”, afirmou.

Referiu ainda que fez um investimento em Portugal, na MCoutinho, em 2015, para diversificar a atividade, mas foi um “investimento estrangeiro em Portugal, totalmente aceite pelo governo angolano, através do Banco Central de Angola, e os lucros gerados aqui serão transferidos para a economia angolana”.

Refere que agora, que já está de alguma forma afastado da gestão da Cosal, está muito ligado a questões de infraestruturas turísticas, e acredita que o turismo em Angola vai desenvolver a partir do sul do país, onde já começou a investir.

O artista angolano Guillerme Mampuya ofereceu ao homenageado uma obra de arte por si pintada: um quadro com o seu retrato.

Quem é o empresário Jaime Freitas

Jaime Freitas nasceu no Lubango em 1950, no seio de uma família de origem portuguesa. Depressa a sua veia empreendedora deu sinais de querer despertar e iniciou assim os seus primeiros investimentos, tornando-se num reconhecido empresário angolano. Ao entrar no capital do Grupo Cosal, em 1992, conseguiu transformar esta empresa num dos maiores conglomerados privados em Angola. Alargou, entretanto, a sua atuação a outros territórios e, além de Angola, tem ainda investimentos, diretos e indiretos, em Portugal e na Namíbia.

core business do grupo centra-se sobretudo a importação e venda de veículos automóveis de diversas marcas, mas atualmente já diversificou para outras áreas de atividade. No ramo automóvel destacam-se empresas como a Cosal, que está na origem do império, a Comauto e a Lusolanda, que comercializam marcas como a Hyundai, a Mercedes Benz, a Mitsubishi e a Fuso. O grupo é ainda responsável pela distribuição e comercialização dos lubrificantes Castrol.

Já no setor do turismo é detentor de hotéis como o Hotel Samba, em Luanda, o complexo turístico Pululukwa, no Lubango, e do Roça das Mangueiras, na ilha de Mussulo. Na restauração investiu em espaços como os restaurantes Embarcad’Ouro e Mulemba, ambos situados em Luanda. Detém ainda a marca de restauração Mokoro, em Luanda e Mussulo, e a Dos Lagos no Lubango.

Em 2014, o empresário, que é pai de três filhos, entrou no capital da MCoutinho, empresa que atua no retalho automóvel em Portugal, concessionária de 16 marcas e que detém 46 pontos de venda e tem investimento em outras empresas do mesmo setor.

Jaime Freitas investiu ainda, ao longo dos anos, em diversas participações na área da banca, como foi o caso do Banco Comercial Angolano e do Banco Caixa Geral de Angola.

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