Jogos Olímpicos. No dressage não há medalha mas há otimismo para o futuro

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As provas decorrem e o calor não perdoa. Estão mais de 30 graus celsius em Paris e a pouco mais de 20 quilómetros de distância, Versailles não destoa da capital. Ainda assim, o mítico palácio é o palco para as provas de dressage.

Rita Ralão Duarte entra em prova, já depois de António do Vale e de Maria Caetano. A portuguesa, estreante em Jogos Olímpicos, faz a melhor pontuação da equipa portuguesa (68.261) mas ainda assim Portugal falha a final de dressage, terminando em décimo segundo lugar.

As imagens mostram no ecrã a família a apoiar a prestação da atleta portuguesa e pouco tempo depois, a RTP encontra o clã Ralão Duarte já fora do recinto. Novo ponto de partida para uma conversa entre portugueses.

A comitiva familiar é composta pela mãe, pelo irmão, criador do cavalo de Rita Ralão Duarte, a mulher e o secretário-geral da associação dos cavalos lusitanos, João Ralão, tio da atleta olímpica.

Em entrevista à RTP, Pedro Ferraz da Costa explica que este é um “meio relativamente fechado” e, sem desculpas, admite que estava à espera de mais.

“Foi a estreia, foi a primeira, são carreiras lentas. Só para dar uma ideia o cavalo foi concebido há 12 anos, nasceu há 11 e está-se a estrear. Isto são provas de fundo, é preciso ser persistente, paciente e acho que ele tem muito futuro”.

Ele é o cavalo Irão, montado por Rita Ralão Duarte durante a sua prova de dressage. O grupo é perentório: o calor infernal que se faz sentir perturba não só a ação do animal como também do cavaleiro.

No entanto, a competição corre no sangue do cavalo olímpico. Pedro Ferraz da Costa fala numa hereditariedade entre os cavalos, já que mãe de Irão também foi um cavalo de competição. E lembrou que o mesmo acontece com os cavaleiros.

“Vários cavaleiros de vários países são filhos de cavaleiros olímpicos mais antigos. O que é o caso da Rita, que é filha do Miguel [Ralão Duarte] que foi aos Jogos Olímpicos em Pequim com a mãe deste cavalo [Irão]”.

Rita Ralão Duarte foi a competir com um cavalo de raça lusitana, um cavalo com “cabeça e com vontade agradar ao cavaleiro”, apesar de não ser tão atlético como os cavalos do norte da Europa. Com trabalho os resultados aparecerão e Pedro Ferraz da Costa acredita que Portugal consegue estar entre os dez melhores do mundo na modalidade.

Uma coisa é certa: a família acredita que Rita Ralão Duarte estará preparada para voltar a representar Portugal em 2028, nos Jogos Olímpicos em Los Angeles. “Sim, e estaremos lá. Estamos muito orgulhosos”, concluíram.

Num outro ponto do recinto, perto da zona mista de entrevistas, a comitiva portuguesa está por perto, já depois da prova concluída por Rita Ralão Duarte. Maria Caetano, que competiu no dia anterior, aceita falar com a RTP.

Em entrevista, a cavaleira deixou elogios à prestação da colega de equipa, sem esquecer a prova do “reserva” António do Vale e volta a repetir a ideia do dia anterior: a sua prova não correu como gostaria, tendo ficado aquém do que era expectável.

“Vínhamos à espera de uma prova muito melhor mas fomos surpreendidos com um calor repentino. Toda a semana esteve muito fresco e o cavalo estava a trabalhar na sua melhor forma e ontem quando entrou em pista aquele calor apagou-o e a mim também de certa forma”.

A cavaleira, que havia já participado em Tóquio, lembrou um incidente que levou a que a pontuação não fosse superior: o cavalo fez as necessidades durante a prova e a atleta acabou por ser penalizada, afirmando que depois disso foi difícil recuperar.

Apesar da tristeza por terminar em 12.º lugar por equipas, Maria Caetano mantém que representar Portugal é sempre uma “honra” e que sentiu em Paris o carinho do público, especialmente depois da prova menos conseguida.

Sobre Los Angeles 2028, Maria Caetano afirma que vai trabalhar para estar láA sociedade das nações perto de Versailles

Passando perto do recinto, são milhares os que estão em Versailles para ver a prova equestre. Depois de se vislumbrar o palácio, uma camisola chama a atenção. É do Sporting Clube de Portugal. Quem a veste é filho de portugueses e aceita falar com a RTP.

Diz-nos que se chama Thomas da Fonseca e que nada sabe sobre hipismo. No entanto, acompanha a namorada que praticou a modalidade quando era mais nova. Sobre Portugal, Thomas gostava de ver Pedro Pablo Pichardo mas o preço dos bilhetes vai impedi-lo.

Mesmo assim, diz esperar mais uma medalha de ouro para o atleta do triplo salto.


Por mais um passeio sob o calor tórrido de Versailles, uma família mongol tira fotografias e mostra com orgulho a bandeira do seu país. O membro mais novo fala inglês e explica à RTP que, apesar não haver nenhum atleta do país nas provas, os mongóis têm uma ligação especial com cavalos.

Pela primeira vez em Paris, a família passeia e espera ver os atletas da Mongólia a serem bem-sucedidos no judo e no boxe.

Bem mais resguardado, à sombra, Bernie descansa sentado. Está à espera da prova dos britânicos no equestre e explica que apesar de não o Reino Unido não estar tão bem na tabela de medalhas, já viu boas provas dos compatriotas.

Sobre os Jogos, o britânico diz ter sido bem recebido e que os franceses têm mostrado simpatia e prestabilidade nas dificuldades normais que um turista sente fora de casa. À volta, são milhares. Holandeses, suecos, dinamarqueses, japoneses, brasileiros e a lista continua.

Uma verdadeira sociedade das nações de amor pelos cavalos. Para os cavaleiros portugueses, segue-se a prova de obstáculos.

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