Jornalismo e perguntas

Não é de hoje que estamos cheios de especialistas sobre jornalismo. O Governo da geringonça, com a cumplicidade do PSD de Rui Rio, quis criar um ambiente de censura, utilizando a já tradicional cartilha de que estamos a viver a perigosa época em que os algoritmos se apropriaram da indústria, dos jornalistas, da verdade, dos fanatismos, da publicidade, da consciência e, portanto, da democracia. Na linha do que Pedro Sánchez faz em Espanha, para enfraquecer os críticos. Nesta guerra, não há inocentes em nenhum partido de poder. O Governo de Luís Montenegro não entrou por aí. Teve o mérito de apresentar um conjunto de medidas a que podemos chamar, concorde-se ou não com elas, um plano de ação contra a crise dos media e a erosão da democracia. Nenhum Governo o tinha feito até hoje. Escusava, portanto, de nos ter dado uma visão paroquial do jornalismo, preconceituosa e eivada de juízos errados. Pura anedota de café a historieta do auricular. Já a sugestão das perguntas encomendadas tem que se lhe diga. Transforma-o num potencial editor das perguntas que lhe devem ser feitas. Quererá mesmo vestir essa fatiota de feitor de quintarola ou de capataz de fabriqueta? Acreditamos que não. Enquanto não esclarecer, porém, o que pensa ser o jornalismo e a liberdade de imprensa, perdurará a legítima dúvida.

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