Jovem violado com um pau por casuals dos No Name relata terror em tribunal: «Fiquei apenas com os boxers pelos joelhos»

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"Obrigaram-me a despir e atiraram-me a roupa para o mato. Fiquei apenas com os boxers pelos joelhos. Continuei a ser agredido e fui atirado para umas ervas. Ouvi alguém dizer 'vai buscar um pau. É hoje que vai perder a virgindade'". Foi desta forma que teve início a tortura a que foi sujeito a principal vítima dos casuals dos No Name Boys, já depois de ter sido conduzido, por um vasto grupo de benfiquistas, a um descampado, no Alto dos Moinhos. O 'crime'? Segundo o testemunho do próprio, quando foi ouvido em Tribunal, por ser amigo de sportinguistas.

"És tu que és amigo de sportinguistas?" Foi desta forma que dois elementos dos casuals dos No Name Boys abordaram o jovem, à saída de um jogo de futsal entre Benfica e Sporting, em abril de 2022. Depois disso, foi conduzido, de forma subtil - pois existiam polícias nas imediações -, tendo-se juntado mais elementos do referido grupo organizado de adeptos junto à Farmácia do Alto dos Moinhos. Dali, seguiram para o descampado, onde tiveram início as agressões.

"Fiquei de joelhos e à medida que foram chegando iam-se colocando à minha volta. Desequilibrei-me devido ao impacto e outro indivíduo voltou a posicionar-me. Deram-me pontapés na zona das costelas e eu caí. Os outros indivíduos deram-me vários socos e pontapés. Não sei bem quem me estava a agredir, mas senti que eram todos. Depois voltaram a pedir-me a passe do telemóvel, acederam às minhas fotografias com pessoas pertencentes à claque do Sporting. Ao mesmo tempo, perguntavam-me quem eram essas pessoas e onde moravam. Disse que só os conhecia de vista e das redes sociais e voltei a ser agredido por causa disso", revelou em Tribunal, num testemunho divulgado pela CMTV, no programa 'Doa a quem doer', antes de recordar o momento de maior terror: 

"Agrarram no meu telefone e fizeram uma vídeochamada no Instagram para um amigo meu. Apontaram a câmara na minha direção e disseram: 'Olha o teu amigo, vem cá buscá-lo'. Ouvi o meu amigo dizer para eu ter calma. E ouvi perguntarem pela minha localização exata. O indivíduo tentou enfiar-me o pau no ânus. Eu fingi que me estava a doer para ver se paravam, mas não resultou. Acabei por ser penetrado e foi doloroso. Eles estavam a rir-se e só pararam porque uma voz rouca, parecia ser de alguém mais velho, lhes disse de forma animada: 'O puto só tem 16 anos. Parem lá com isso'. Levantaram-me, devolveram-me os ténis, as meias, umas bolsa, o powerbank, mas ficaram com o telemóvel, 40 euros e o casaco. Encaminharam-me para perto de uma carrinha branca que se encontrava junto da casa de tijolo e obrigaram-me novamente a ficar de joelhos. Disseram-me para ficar calado e não dizer nada à polícia, senão matavam-me. Pediram-me para contar até 100 e quando comecei a contar, nos primeiros 10 segundos ainda fui pontapeado, algumas vezes, depois afastaram-se", relatou, em Tribunal, à porta fechada, num momento em que tinha apenas pela frente o coletivo de juízes e advogados. 

Em Tribunal, apenas alguns arguidos quiseram prestar declarações. De acordo com a CMTV, Jonas Santos foi um dos que alegou estar inocente e garante que nunca tinha visto o jovem agredido: "Nunca tinha visto o rapaz, não tinha motivos para o atacar. Só soube o que aconteceu no dia em que fui detido", explicou.   

De referir que a polícia desconfia que, em outubro de 2022, este mesmo grupo terá agredido outros jovens. Um deles foi testemunhar a Tribunal: "Mandaram-nos despir. Ficámos deitados de costas, deram-nos socos, bicos na cabeça e pisaram-nos. Falaram em ir buscar o pau da vassoura. Mas outros disseram que não", o que evitou uma nova violação.

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