JPP insiste na realização de eleições na Madeira e fala em "trafulhice"

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"Viemos aqui apresentar a nossa posição, que não é nova. Nós desde a primeira hora, numa atitude responsável, dissemos e reforçámos a importância de [aprovar] um orçamento da região, e também defendemos a realização de eleições antecipadas", afirmou o dirigente do JPP, depois de uma reunião com o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, no Palácio de São Lourenço, no Funchal.

Na quarta-feira, o representante da República começou a ouvir os partidos com assento na Assembleia Legislativa, na sequência da exoneração, na segunda-feira, do presidente do Governo Regional e consequente demissão do executivo, após Miguel Albuquerque (PSD) ter sido constituído arguido no âmbito de uma investigação a suspeitas de corrupção na Madeira.

No final do encontro com Ireneu Barreto, no qual marcou presença o secretário-geral do partido, Élvio Sousa, foi Filipe Sousa, ex-presidente do partido, da Câmara de Santa Cruz, e agora cabeça de lista às legislativas de 10 de março pelo círculo da Madeira, que prestou declarações à comunicação social.

Filipe Sousa defendeu que o Orçamento Regional, cuja discussão estava prevista decorrer inicialmente esta semana, devia ter sido apreciado, apontando que esta "trafulhice política" afeta "gravemente a vida da população madeirense e das empresas".

"E esta trafulhice, acima de tudo, compromete a vida dos madeirenses e também compromete a vida das oposições, porque nós ficamos aqui num dilema. O atual Governo [...] andou aqui duas semanas a protelar a decisão da discussão do Orçamento e à última da hora retira essa proposta e agora vem com a solução de formação de um novo Governo, que tem como único objetivo manter este 'status' quando a legitimidade democrática está em causa", considerou.

O ex-presidente do JPP, que renunciou ao cargo no ano passado por divergências internas, referiu, por outro lado, a existência de uma "corrida desenfreada de um ou dois partidos para chegar ao poder", nomeadamente o PS, com quem disse o Juntos Pelo Povo "jamais" se irá coligar.

"Nós temos de ter aqui alguma serenidade [...]. O povo madeirense é inteligente e reconhece quem está com seriedade na política", declarou.

Filipe Sousa disse, depois, que não fecha a porta a acordos "desde que haja um compromisso de honra e que esses acordos, acima de tudo, [sejam] não para responder aos interesses político-partidários, mas acima de tudo aos anseios das respetivas populações".

Depois desta ronda de audiências, o representante tomará a decisão sobre a situação governativa da Madeira, uma vez que o Presidente da República só pode intervir no processo a partir de 24 de março, quando a Assembleia Legislativa cumpre os seis meses de posse legalmente exigidos.

Ireneu Barreto já ouviu BE, PAN, IL, PCP, CDS-PP, Chega e JPP. Na sexta-feira serão recebidos os representantes de PS e PSD.

Em 24 de janeiro, a Polícia Judiciária (PJ) realizou cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

Dois dias mais tarde, Miguel Albuquerque, entretanto constituído arguido, renunciou ao cargo.

Na sequência das buscas, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que também já renunciou ao cargo, o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.

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