Durante uma visita a Rangum, antiga capital e maior cidade do país, na segunda-feira, o general Soe Win, número dois da junta, "assinalou a importância dos preparativos para contabilizar a população e os agregados familiares em toda a nação de 01 a 15 de outubro de 2024", informou o Global New Light of Myanmar.
Os militares tomaram o poder em 2021, justificando o golpe com alegações de fraude maciça nas eleições de 2020, ganhas por uma larga margem pela Liga Nacional para a Democracia da nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
Oficiais do exército afirmaram que é necessário efetuar um recenseamento da população antes de se poderem organizar novas eleições, prometidas pela junta e que poderão ter lugar em 2015, disseram líderes dos partidos apoiados pelos militares.
Em outubro, a junta organizou um teste de recenseamento em bairros de várias cidades, incluindo Naypyidaw, a capital, e Mandalay, a segunda maior cidade do país.
Em Rangum, as autoridades locais informaram Soe Win sobre "o progresso dos preparativos para a recolha dos dados do recenseamento", escreveu o jornal, sem dar mais pormenores.
Segundo os críticos, o recenseamento será utilizado para intensificar a vigilância dos opositores da junta, incluindo milhares de funcionários públicos, médicos e professores que, em protesto, não regressaram ao trabalho desde o golpe de Estado.
Desde 2021, o país do Sudeste Asiático está mergulhado numa guerra civil sangrenta, com confrontos diários entre o exército e opositores, surtos de violência que afetam a população civil e assassinatos seletivos.
O exército reconheceu que vastas zonas do país já não estão sob controlo da junta e, em fevereiro, reativou uma lei de recrutamento militar.
Analistas avaliam que as eleições vão ser alvo dos opositores da junta e provocar um novo derramamento de sangue.
Para os Estados Unidos, quaisquer eleições organizadas pela junta são "uma farsa".
Já a Rússia, aliado próximo de uma junta isolada na cena internacional, declarou que apoia o projeto.
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