O Supremo Tribunal da Rússia rejeitou esta quinta-feira o primeiro recurso apresentado pelo opositor Boris Nadezhdin contra normas da Comissão Eleitoral Central (CEC), que inviabilizou a sua candidatura às presidenciais de março, alegando milhares de assinaturas inválidas.
Chamado como candidato da paz, por se opor à guerra na Ucrânia, Boris Nadezhdin apresentou 105.000 assinaturas à comissão eleitoral para se qualificar para a corrida, na qual o Presidente, Vladimir Putin, é o favorito.
No entanto, a CEC declarou que mais de 9.000 assinaturas apresentadas eram inválidas - o suficiente para o desqualificar. De acordo com as regras eleitorais russas, os potenciais candidatos não podem ter mais de 5% das suas assinaturas rejeitadas.
O candidato da Iniciativa Cívica, crítico do Kremlin (Presidência russa) e da invasão da Ucrânia, recorreu ao Supremo Tribunal, que confirmou agora a decisão da CEC, segundo as agências noticiosas oficiais russas e o próprio Nadezhdin, que confirmou na sua conta da plataforma Telegram que vai continuar a sua luta legal, agora para o Tribunal Constitucional.
Nadezhdin argumentou que tem um amplo apoio social, afirmando que havia filas nos locais onde a recolha de assinaturas foi organizada, uma manifestação de apoio invulgar no panorama político rigidamente controlado. Também publicou fotografias da sede do Supremo Tribunal, para onde se deslocaram apoiantes e um grande número de meios de comunicação social.
Depois de tomar conhecimento da decisão do Supremo Tribunal, o chamado candidato da paz, conhecido como o único que se opõe à campanha militar da Rússia na Ucrânia, disse que iria recorrer ao Tribunal Constitucional.
O Supremo Tribunal ainda não ouviu uma segunda queixa da campanha de Nadezhdin sobre a decisão da comissão eleitoral.
A campanha de assinaturas para apoiar a candidatura de Nadezhdin tornou-se a primeira manifestação legal e maciça de rejeição da guerra na Ucrânia, desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.
A oposição acusa o Presidente Putin de fazer tudo o que pode para impedir a participação de Nadezhdin, temendo que ele una todos os descontentes não só com a guerra, mas também com a deriva autoritária do Kremlin.
A CEC registou quatro candidatos: além de Putin; o comunista Nikolai Kharitonov; Leonid Slutsky (extrema-direita) e o representante do Novo Povo, Vladislav Davankov.
Embora tenha garantido publicamente que não o faria, Putin alterou a Constituição em 2020 para permitir a sua reeleição, o que poderá fazer novamente dentro de seis anos e, assim, permanecer no Kremlin até 2036.
As eleições presidenciais russas decorrem entre 15 e 17 de março.