Lagarde contidamente otimista sobre inflação apesar de ainda faltar um “caminho acidentado”

2 meses atrás 54

“Continuamos a achar que vai ser um caminho acidentado”, projetou Lagarde, isto apesar da boa notícia com a descida marginal da inflação em junho. Os serviços continuam a preocupar, ao contrário do homólogo norte-americano, Jerome Powell.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE) voltou a projetar que os últimos passos na luta contra a inflação sejam os mais difíceis, falando novamente num “caminho acidentado”, mas mostrou-se otimista. Os serviços continuam a gerar algumas preocupações, onde Christine Lagarde quer ainda perceber se há alterações de fundo – ao contrário do seu homólogo norte-americano – , embora a tendência se mantenha desinflacionária.

O primeiro dia de discussões inseridas no Fórum do BCE de 2024, novamente em Sintra, coincidiu com a divulgação da estimativa rápida do Eurostat para a inflação na zona euro em junho, indicador que recuou marginalmente de 2,6% para 2,5%. Para Lagarde, presidente do BCE, são boas notícias.

“Uma leitura mais baixa do que a anterior é bom”, começou por afirmar, embora com algumas ressalvas, sobretudo do lado dos serviços. O subindicador manteve-se em 4,1% pelo segundo mês seguido, isto depois de uma subida em maio dos 3,7% do mês anterior. Como tal, a responsável pela política monetária europeia quer perceber se há alterações estruturais na dinâmica da inflação na economia pós-pandémica, garantindo que continuará a monitorizar estes dados.

“Continuamos a achar que vai ser um caminho acidentado”, projetou, repetindo uma frase já usada em conferências de imprensa passadas. Como tal, o BCE continua “a monitorizar atentamente todas as componentes”, isto numa lógica de continuidade.

“Temos de ver o que está para trás”, ressalvou, lembrando que os salários representam “uma boa parte do custo do trabalho” e, além da heterogeneidade nas leis de negociações coletivas entre Estados-membros, há um “efeito de catching up” para trabalhadores cujo salário real caiu significativamente nos últimos tempos.

Apesar de se deparar com uma dinâmica semelhante em que a inflação do lado dos serviços não só é a principal responsável pelo indicador nominal acima do objetivo, como também com uma subida surpreendente nos últimos três meses, Jerome Powell, presidente da Reserva Federal, não se mostra demasiado preocupado.

“Tipicamente, a inflação nos serviços é mais sticky do que do lado dos bens”, resumiu, argumentando que a inflação está no caminho certo.

O presidente da Fed destacou que o mercado laboral começa a dar sinais de abrandamento e o mercado imobiliário acusa alguns efeitos da política monetária restritiva para defender que a economia está a trabalhar no sentido de “dar descidas significativas da inflação”. No entanto, para novos cortes ficam a faltar ainda alguns sinais.

“As últimas leituras representam um progresso significativo. Só queremos ter a certeza que o que estamos a ver é o que realmente se está a passar na inflação subjacente”, resumiu, admitindo que “a grande questão agora é se o risco de cortar cedo demais é maior do que o de manter demasiado tempo”.

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