Um projeto-lei bipartidário que previa novas medidas de controlo da imigração nos Estados Unidos, a par de um novo pacote de apoio na área da defesa à Ucrânia e a Israel, não conseguiu reunir o número suficiente de votos para passar à fase seguinte, esta quarta-feira.
Eram necessários 60 em 100 para passar, a votação terminou nos 49-50.
Para ser aprovada, a lei bipartidária necessitava do apoio de pelo menos 10 senadores republicanos, que não se materializou. O resultado já era esperado, depois de vários republicanos se terem assumido na última semana contra a proposta.
Apenas quatro senadores do Partido Republicano votaram a favor, sem do eles Susan Collins, senadora pelo Maine, James Lankford, do Oklahoma, Lisa Murkowski do Alasca e Mitt Romney, do Utah.
Lankford tinha sido o líder republicano das negociações bipartidárias e horas antes tinha defendido calorosamente o acordo obtido e a necessidade urgente de aprovação do texto.
Murkowski implorou aos seus colegas para votarem a favor das medidas. "Isto é o que nós pedimos. Vamos aproveitar", defendeu.
Romney expressou igualmente esta terça-feira a sua desilusão com a rejeição anunciada dos senadores republicanos ao fim de meses de negociação. "A política costuma ser a arte do possível", lamentou. "Agora é a arte do impossível".
Ao longo da votação, os senadores republicanos foram vistos a entrera, votar e depois a dispersar, ao passo que os democratas votavam e se mentinham depois em conversação.
Vários analistas presumem que decorram ainda negociações, presumivelmente para prometer mais emendas às regras previstas quanto à imigração, de forma a conseguir o voto dos republicanos.
Está ainda prevista para esta quarta-feira em Washington, a votação de uma segunda proposta de lei somente sobre o apoio militar. As espetativas de que este segundo texto conseguir passar são escassas, depois de a reforma sobre a imigração, exigida pelos republicanos como moeda de troca no primeiro texto, não ter sido suficiente para captar os seus votos.
Avisos dos aliadosO projeto bipartidário, de mais de 400 páginas e negociado durante meses, procurava satisfazer as exigências dos republicanos quanto a reformas sobre a imigração e desbloquear ao mesmo tempo as ajudas militares a Israel e à Ucrânia, pretendidas pelos democratas e rejeitadas pelos republicanos, orçadas em 100 mil milhões de dólares.
O bloqueio legislativo significa que as dificuldades de resposta de Kiev aos ataques russos se irão agravar devido à crescente falta de munições.
O chanceler alemão, Olaf Scholz , de visita a Washington, avisara pouco antes da primeira votação que a Alemanha não tem capacidade para suprir a falha, se os Estados Unidos deixarem de fornecer armas à Ucrânia. "Esse é, creio, o grande perigo que enfrentamos", avisou Scholz.
Também o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, considerou vital que o Congresso norte-americano aprove a continuação do apoio a Kiev num futuro próximo.
Numa conferência conjunta com o conselheiro para a segurança dos EUA, Jake Sullivan, Stoltenberg reconheceu que, para já, nenhum dos membros da Aliança estava sob ameaça iminente, mas acrescentou, "devemos sustentar o nosso apoio e essa é uma responsabilidade de todos os aliados".
Sullivan garantiu por seu lado o empenho da Casa Branca em manter a ajuda à Ucrânia. "Não há plano B", afirmou.
"Estamos convictos de que ainda podemos e iremos entregar a ajuda à Ucrânia", acrescentou o conselheiro da Administração Biden.
O bloqueio no Senado constitui um golpe forte a estas aspirações.
A reforma sobre a imigração, exigida por vários Estados a braços com uma vaga de imigrantes ilegais sem precedentes, não deverá igualmente ser retomada tão cedo e irá tornar-se provavelmente um dos debates cruciais nas eleições presidenciais de novembro próximo.