Lei sobre imigração e ajuda militar dos EUA à Ucrânia e a Israel bloqueada no Senado

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Líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, passa pelos repórteres no Capitólio em Washington DC, a 7 de fevereiro 2014 Leah Millis - Reuters

Um projeto-lei bipartidário que previa novas medidas de controlo da imigração nos Estados Unidos, a par de um novo pacote de apoio na área da defesa à Ucrânia e a Israel, não conseguiu reunir o número suficiente de votos para passar à fase seguinte, esta quarta-feira.

Sob pressão de Donald Trump, que apelou ao boicote do texto, os senadores republicanos em peso votaram contra. A rejeição tornou-se evidente quando se contabilizaram 49 votos contra na câmara.

Eram necessários 60 em 100 para passar, a votação terminou nos 49-50.


Para ser aprovada, a lei bipartidária necessitava do apoio de pelo menos 10 senadores republicanos, que não se materializou. O resultado já era esperado, depois de vários republicanos se terem assumido na última semana contra a proposta.

Apenas quatro senadores do Partido Republicano votaram a favor, sem do eles Susan Collins, senadora pelo Maine, James Lankford, do Oklahoma, Lisa Murkowski do Alasca e Mitt Romney, do Utah.

Lankford tinha sido o líder republicano das negociações bipartidárias e horas antes tinha defendido calorosamente o acordo obtido e a necessidade urgente de aprovação do texto.

Murkowski implorou aos seus colegas para votarem a favor das medidas. "Isto é o que nós pedimos. Vamos aproveitar", defendeu.

Romney expressou igualmente esta terça-feira a sua desilusão com a rejeição anunciada dos senadores republicanos ao fim de meses de negociação. "A política costuma ser a arte do possível", lamentou. "Agora é a arte do impossível".

Ao longo da votação, os senadores republicanos foram vistos a entrera, votar e depois a dispersar, ao passo que os democratas votavam e se mentinham depois em conversação.

Vários analistas presumem que decorram ainda negociações, presumivelmente para prometer mais emendas às regras previstas quanto à imigração, de forma a conseguir o voto dos republicanos.

Está ainda prevista para esta quarta-feira em Washington, a votação de uma segunda proposta de lei somente sobre o apoio militar. As espetativas de que este segundo texto conseguir passar são escassas, depois de a reforma sobre a imigração, exigida pelos republicanos como moeda de troca no primeiro texto, não ter sido suficiente para captar os seus votos.

Avisos dos aliados
O projeto bipartidário, de mais de 400 páginas e negociado durante meses, procurava satisfazer as exigências dos republicanos quanto a reformas sobre a imigração e desbloquear ao mesmo tempo as ajudas militares a Israel e à Ucrânia, pretendidas pelos democratas e rejeitadas pelos republicanos, orçadas em 100 mil milhões de dólares.

O bloqueio legislativo significa que as dificuldades de resposta de Kiev aos ataques russos se irão agravar devido à crescente falta de munições.

O chanceler alemão, Olaf Scholz , de visita a Washington, avisara pouco antes da primeira votação que a Alemanha não tem capacidade para suprir a falha, se os Estados Unidos deixarem de fornecer armas à Ucrânia. "Esse é, creio, o grande perigo que enfrentamos", avisou Scholz.

Também o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, considerou vital que o Congresso norte-americano aprove a continuação do apoio a Kiev num futuro próximo.

Numa conferência conjunta com o conselheiro para a segurança dos EUA, Jake Sullivan, Stoltenberg reconheceu que, para já, nenhum dos membros da Aliança estava sob ameaça iminente, mas acrescentou, "devemos sustentar o nosso apoio e essa é uma responsabilidade de todos os aliados".

Sullivan garantiu por seu lado o empenho da Casa Branca em manter a ajuda à Ucrânia. "Não há plano B", afirmou.

"Estamos convictos de que ainda podemos e iremos entregar a ajuda à Ucrânia", acrescentou o conselheiro da Administração Biden.

O bloqueio no Senado constitui um golpe forte a estas aspirações.

A reforma sobre a imigração, exigida por vários Estados a braços com uma vaga de imigrantes ilegais sem precedentes, não deverá igualmente ser retomada tão cedo e irá tornar-se provavelmente um dos debates cruciais nas eleições presidenciais de novembro próximo.

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