Líder da Renamo diz que duplo homicídio é "afronta direta" a princípios "fundamentais"

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"Em meu nome pessoal e em nome do partido Renamo [Resistência Nacional Moçambicana], manifestamos o nosso mais profundo repúdio a este ato de violência brutal que resultou na perda irreparável de dois cidadãos que, de forma distinta, contribuíram para a promoção do Estado de Direito Democrático em Moçambique", lê-se num comunicado assinado por Ossufo Momade, que foi também candidato presidencial nas eleições gerais de 09 de outubro.

"O assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe é uma afronta direta aos princípios fundamentais de respeito à vida e à dignidade humano, valores que todos devemos proteger. Neste sentido, exigimos às autoridades competentes uma investigação rápida e rigorosa, de modo a garantir que os responsáveis por este ato bárbaro sejam levados à Justiça o mais breve possível", acrescenta.

A polícia moçambicana confirmou hoje que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que o apoia, mortos a tiro, foi "emboscada" e um terceiro ocupante ferido.

"Foram abordados e bloqueados por duas viaturas ligeiras de onde desembarcaram indivíduos que, munidos de armas de fogo, fizeram vários disparos que provocaram ferimentos e a morte dos indivíduos acima identificados", disse à Lusa o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) da cidade de Maputo, Leonel Muchina.

O crime aconteceu cerca das 23:20 locais (menos uma hora em Lisboa) de sexta-feira, na avenida Joaquim Chissano, centro da capital, e segundo a polícia um outro ocupante, uma mulher que seguia nos bancos traseiros da viatura, foi igualmente atingida a tiro, tendo sido transportada ao Hospital Central de Maputo.

"Foi socorrida, não corre nenhum risco de vida, foi ferida apenas nos membros superiores", esclareceu Muchina.

Durante toda a madrugada circularam em Moçambique vídeos de extrema violência das duas vítimas e da viatura atingida aparentemente por mais de duas dezenas de tiros.

O advogado Elvino Dias, conhecido defensor de casos de direitos humanos em Moçambique, era assessor jurídico de Venâncio Mondlane e da Coligação Aliança Democrática (CAD), formação política que apoiou inicialmente aquele candidato a Presidente da República de Moçambique, até a sua inscrição para as eleições gerais de 09 de outubro ter sido rejeitada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Venâncio Mondlane viria depois a ser apoiado na sua candidatura pelo partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), cujo mandatário nacional das listas às legislativas e provinciais, Paulo Guambe, também seguia na viatura alvo do crime.

"Reafirmamos o compromisso do partido Renamo com a paz, a segurança e a Justiça na nossa sociedade, reiterando que a violência jamais poderá ser aceite como resposta a qualquer divergência ou conflito (...) Que este trágico episódio sirva como um alerta sobre a necessidade urgente de construímos uma nação fundada no respeito mutuo e na Justiça", concluiu o comunicado de Ossufo Momade.

As eleições gerais de 09 de outubro incluíram as sétimas presidenciais - às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.

A CNE tem 15 dias, após o fecho das urnas, para anunciar os resultados oficiais das eleições, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, depois de concluída a análise, também, de eventuais recursos, mas sem um prazo definido para esse efeito.

As comissões distritais e provinciais de eleições já concluíram o apuramento da votação das eleições gerais de 09 de outubro, que segundo os anúncios públicos dão vantagem à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) e ao candidato presidencial que o partido apoia, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos, embora o candidato presidencial Venâncio Mondlane conteste esses resultados, alegando com os dados das atas e editais originais da votação, que recolhe em todo o país.

Venâncio Mondlane garantiu na quinta-feira, na Beira, centro de Moçambique, que após o anúncio dos resultados das eleições gerais vai recorrer ao Conselho Constitucional, com as atas e editais originais da votação.

O Governo português e a União Europeia já condenaram estes assassínios.

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