Líderes de bancos centrais sublinham em Sintra importância da sua independência

2 dias atrás 18

Num ano em que mais de metade da população mundial vai às urnas e quando as tensões políticas estão em níveis não vistos há largos anos, os bancos centrais têm de frisar ainda mais a sua independência do poder executivo, defenderam os responsáveis do BCE, Reserva Federal e Banco do Brasil.

A independência dos bancos centrais é não só uma obrigação formal, como também um imperativo para que possam desempenhar as suas funções de forma eficaz e responsável, defenderam os responsáveis pela política monetária europeia, norte-americana e brasileira. Em Sintra, os representantes dos bancos centrais abordaram o tópico e reconheceram a sua importância acrescida numa altura em que as tensões políticas internacionais e internas estão em níveis não vistos em décadas e num ano em que mais de metade da população mundial vai a votos.

“Como banco central, temos de ficar de fora da arena política e seguir com o nosso trabalho técnico”, afirmou Roberto Campos Neto, governador do Banco do Brasil num painel que contou ainda com Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, e Jerome Powell, presidente da Fed.

O governador brasileiro foi acusado pelo presidente do país, Lula da Silva, de ter um “viés político” favorável ao seu antecessor, Jair Bolsonaro. Perante as acusações, Campos Neto defendeu-se esta terça-feira em Sintra, destacando que foi o responsável pela maior subida de juros num mercado emergente em ano de eleição, uma decisão desfavorável ao então incumbente Bolsonaro.

Acresce a isto a recusa em sequer ser aberta a possibilidade de ser reconduzido, continuou, uma decisão que o atual governador diz ter tomado precisamente para não alimentar quaisquer especulações quanto aos motivos por detrás das escolhas de política monetária.

O tema mereceu a concordância dos responsáveis pelos bancos centrais europeu e norte-americano, com Jerome Powell a destacar que “o apoio à independência da Fed é muito grande” na sociedade e política dos EUA.

“Se fizermos o nosso trabalho e, sobretudo, com a economia a crescer a mais de 2% e o desemprego abaixo de 4%, a história trará de nos julgar”, reforçou o presidente da Reserva Federal.

Escusando-se a comentar as tensões políticas ou possíveis efeitos nos mercados de vitórias de forças antieuropeístas e populistas na Europa, Lagarde relembrou que a parte orçamental não diz respeito ao BCE, vigorando agora novas e atualizadas regras quanto às contas públicas dos Estados-membros. O foco deve estar, portanto, “na produtividade, no crescimento e no investimento”, ao invés de nos indicadores orçamentais, argumentou.

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