Finais de época pintados em tons díspares, com a tranquilidade – e até algum comodismo – a contrastar com a ansiedade de escapar à fatal sentença.
Na tarde deste domingo, em novo encontro da 32.ª jornada, Arouca e Estrela da Amadora anularam-se. Esta foi uma partida infinitamente distante da intensidade no encontro da primeira volta, no qual os «Lobos» golearam (1-4).
Bancadas despidas, chuva abundante e um Arouca despido de algumas estrelas, por opção técnica. Isto porque Daniel Sousa deixou Mújica e Arruabarrena fora da ficha de jogo, enquanto Pedro Santos e o guardião Thiago foram suplentes. Destas decisões beneficiaram João Valido – em estreia nesta edição da Liga – Oriol Busquets e Morozov.
Por sua vez, Tiago Esgaio continua a recuperar de lesão, pelo que Milovanov voltou a assumir a titularidade.
Do outro lado, Sérgio Vieira – que, agora, não vence há sete jornadas – optou por Pedro Mendes, Nilton Varela e Jean Felipe, em detrimento de Miguel Lopes (lesionado), Gaspar (castigado) e Rúben Lima.
Reveja, aqui, o filme deste jogo.
Num arranque de partida que espelhou o lugar do Arouca – sexto, sem hipótese de alcançar a Europa – os anfitriões assumiram a iniciativa da partida, mas num ritmo baixo. Até, estranhamente baixo para os «Lobos» de Daniel Sousa. Estava claro. A ausência de Mújica na frente obrigou Cristo e Jason a deambularem e delinearem as investidas sobre a área contrária.
Nas entrelinhas, Daniel Sousa terá deixado o aviso quanto à realidade do Arouca na próxima época, isto porque os pretendentes de Mújica vão fazendo fila. Pudera, 20 golos na Liga é um cartão de visita aprazível.
Quanto ao «Tricolor», o estudo do adversário foi concluído ao minuto. Até ao intervalo, Leo Cordeiro e André Luiz combinaram pela direita e na profundidade. Todavia, faltavam referências na área. No único momento de perigo, Léo Jabá, aos 22m, viu o golo negado pelas pernas de um opositor.
Na resposta, aos 33m, Sylla fez esquecer a chuva e deu algum brilho à partida. Após combinação entre Jason e Milovanov, pela direita, o médio agradeceu o espaço para fazer o gosto ao pé. Todavia, a um belo arco seguiu-se um suspiro coletivo, pois o esférico embateu na barra de Bruno Brígido.
Por fim, o jogo parecia animar. Mera miragem. Para evitar o tédio, a meia centena de adeptos do Estrela da Amadora procurava motivar a sua equipa. E, assim, soou o apito para o intervalo. Pedia-se muito melhor para a etapa complementar. No mínimo, por respeito a quem optou por enfrentar a chuva e o frio da Freita.
Tentar o golo apenas no fim
No segundo tempo, o Arouca neutralizou o Estrela. Face ao aparente desgaste – e desinspiração – de Jabá e André Luiz, os espanhóis dos «Lobos» deram ordens para os restantes elementos da alcateia estacionarem junto à área de Bruno Brígido.
No xadrez dos suplentes, Daniel Sousa limitou-se a confiar na criatividade de Pedro Santos, subtraindo o índice defensivo de Oriol Busquets. Por sua vez, Sérgio Vieira arriscou para tentar o golo. Evidente. Não só os pontos urgem, como o ataque era inexistente.
Mas, nada mudou. A desinspiração do Estrela e o comodismo do Arouca prevaleceram. Do camarote, Mújica parecia bastante enfadado com o desenrolar do encontro, até porque a vontade seria estar no relvado, para igualar Banza na lista dos melhores marcadores.
Nos derradeiros minutos, Kikas e Sylla tentaram desatar o nó. Tarde demais. De nada vale tentar algo diferente para lá do minuto 90, quando a história de uma tarde chuvosa e enfadonha às portas da Serra da Freita estava já escrita.
O empate deixa o Arouca com 46 pontos, menos três face ao Moreirense (6.º). A turma de Daniel Sousa não perde há seis jornadas e encaixou o terceiro empate consecutivo.
Na próxima semana, o Arouca visita o Benfica, na tarde de domingo. No fecho da Liga, os «Lobos» recebem o Vitória de Guimarães. Prepara-se a despedida de Daniel Sousa e, quiçá, dos «Três Mosqueteiros» e alguns camaradas.
Quanto ao Estrela, haja coração, calculadora e vontade de somar três pontos. O «Tricolor» leva mais dois pontos face ao Portimonense, que ocupa o posto de play-off de manutenção. Segue-se a visita ao já despromovido Vizela, na tarde de sábado. Na última ronda, o Estrela recebe o Gil Vicente.
Por agora, o Estrela garantiu que não descerá de forma direta.
Nota de rodapé para o apoio ao Estrela. Cerca de meia centena fez a festa às portas da Freita, almejando algo mais do que um ponto. Para amargo de boca, tal entusiasmo não contagiou os protagonistas, pelo que as contas pela manutenção permanecem delicadas.