Por estes dias, recupera-se uma visão anacrónica do que é ser mulher. Neste livro, Susana Moreira Marques sacode o bafio e oferece-nos um diário geográfico e afetivo nos antípodas dessa visão.
Quando algumas vozes se fazem ouvir a defender uma visão anacrónica e bafienta do que é ser mulher hoje – confinada a uma vida de labores domésticos e assistência permanente à prole, seja esta muito, pouco ou nada desejada, com direitos civis e vontade própria amputadas –, nada melhor do que uma leitura refrescante do que é ser uma mulher na cidade.
Depois de “Lenços Pretos, Chapéus de Palha e Brincos de Ouro”, eis que surge um novo livro de Susana Moreira Marques, também pelas mãos da editora Companhia das Letras.
E, precisamente, “Terceiro Andar Sem Elevador” é apresentado como uma reflexão pessoal sobre a vida moderna. Um conjunto de notas sobre o quotidiano de uma mulher na cidade de Lisboa. Um diário geográfico, afetivo e fragmentário, que nos conduz a um território simultaneamente íntimo e público. Ou seja, no extremo oposto do espectro relativamente à direita ultraconservadora que se pensava erradicada, mas que, como algumas doenças, fazem uma reaparição espaventosa, para espanto geral.
A autora partilha alguns momentos da sua vida, como aqueles em que percorre as ruas lisboetas. Flâneuse e observadora atenta, repara nas pessoas à janela; se, antes, eram maioritariamente as mulheres que acompanhavam a vivência do bairro debruçadas no parapeito ou meio-escondidas atrás de cortinas, agora vê jovens – muitos do género masculino – a olhar para baixo, entre as consultas ao ecrã do telemóvel.
Pequenas descobertas que contribuem – por vezes, sem darmos conta – para cimentar o nosso dia a dia e contrariar a alienação das urbes contemporâneas. Onde, aliás, nos cruzamos com muitas mulheres com profissões e filhos e com homens a passear crianças pequenas.
Susana Moreira Marques estará na livraria Palavra de Viajante no dia 22 de maio, às 18h30, para apresentar o seu livro.
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