Lucros da barragem de Cahora Bassa sobem 56,7% até junho mas nível de água preocupa

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Os lucros da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), centro de Moçambique, aumentaram 56,7% até junho, para 8.961 milhões de meticais (127,3 milhões de euros), segundo dados apresentados hoje pela empresa, que alerta para os baixos níveis de armazenamento.

De acordo com o relatório da HCB com as demonstrações financeiras dos primeiros seis meses de 2024, as vendas de eletricidade neste período, em quantidade, situaram-se em 7.628,32 GWh [Gigawatt-hora], 6,2% acima do registado no período homólogo de 2023 e 3,5% a mais face ao planeado para o semestre.

"Atendendo aos níveis atuais de produção e vendas, antevê-se que as vendas anuais atinjam 14.257,93 GWh, 1,4% e 1,1% abaixo do atingido em 2023 e do planeado para o presente ano, respetivamente", refere o relatório.

O Estado moçambicano detém 90% do capital social da HCB, desde a reversão para Moçambique, acordada com Portugal em 2007, enquanto a empresa portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) tem uma quota de 7,5% e a Eletricidade de Moçambique 2,5%.

"Decorrente deste desempenho financeiro do primeiro semestre, estima-se que os resultados líquidos até o fim do ano estejam ao nível dos orçados, ou seja, 13.851,68 milhões de meticais [196,8 milhões de euros]", lê-se ainda no relatório.

Em termos de disponibilidade hídrica, a barragem apresentava em 30 de junho uma cota de 316,98 metros, correspondente 59,17% do armazenamento útil da albufeira.

"Este nível de armazenamento, significativamente baixo para este período, é influenciado por fracas afluências causadas pelo fenómeno `El Niño`, que é caracterizado por um nível de precipitação abaixo do normal", admite ainda o relatório.

A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros.

"Neste contexto, em junho do ano em curso, a HCB iniciou a implementação de um plano cauteloso de gestão hidroenergético da Albufeira e das infraestruturas conexas a fim de harmonizar as necessidades de produção com a disponibilidade hídrica, e minimizar o impacto do fenómeno `El Niño` sobre a produção anual planificada", acrescenta.

A empresa recorda que a "produção energética da HCB é deveras importante e indispensável para a estabilidade energética do país e da região", pelo que "continuará a acompanhar as previsões meteorológicas de longo prazo, a evolução da situação hidroclimatológica da Bacia do Zambeze e as atualizações dos planos de exploração das barragens à montante" para que, "em tempo útil, possa proceder ajustamentos operacionais em Cahora Bassa".

"Porque as previsões climáticas sazonais indicam a prevalência do fenómeno `La Niña` durante toda a estação chuvosa 2024/25, existem grandes probabilidades de ocorrência de chuvas normais ou acima do normal, o que poderá favorecer a recuperação do armazenamento da albufeira de Cahora Bassa. Nestas condições, não se prevê descargas adicionais durante todo o ano 2024", concluiu o documento.

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