"Luta contra a impunidade". Mandado de detenção contra Netanyahu divide comunidade internacional

4 meses atrás 85

Abir Sultan - Reuters

O procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, pediu na segunda-feira um mandado de detenção para o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, o seu ministro de defesa Yoav Gallant e três líderes do Hamas, incluindo o dirigente Yahya Sinwa. As reações da comunidade internacional foram surgindo, nas horas seguintes, com mensagens de apoio de França e Espanha e críticas dos EUA e do Reino Unido.

A França demonstrou esta madrugada apoio ao procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, que pediu mandados de captura contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ministro israelita da Defesa, Yoav Gallant, e ainda três líderes do grupo islamita palestiniano do Hamas: Yahya Sinwar, Ismail Haniyeh e Mohamed Deif.

“A França apoia o Tribunal Penal Internacional, a sua independência e a luta contra a impunidade em todas as situações”, disse o Ministério francês dos Negócios Estrangeiros, num comunicado, esta segunda-feira.

A diplomacia francesa recordou que, em primeiro lugar, "a França condenou a 7 de outubro os massacres antissemitas perpetrados pelo Hamas” em solo israelita, que vitimou mais de mil pessoas e fez cerca de 250 reféns. Acrescentando que “este grupo terrorista”, o Hamas, “reivindicou ataques bárbaros dirigidos contra civis, acompanhados de atos de tortura e violência sexual que ele próprio documentou, e inclusive difundiu e celebrou”.

No entanto, no que diz respeito a Israel, disse que caberá aos juízes do Tribunal Penal Internacional “decidir se emite esses mandados, depois de examinar as provas apresentadas pelo procurador”, mas relembra que “a França alerta há muitos meses sobre o imperativo do estrito cumprimento do Direito Humanitário Internacional e, em particular, sobre a natureza inaceitável das perdas civis na Faixa de Gaza e o insuficiente acesso humanitário”. A França defendeu que a única forma de “restaurar um horizonte de paz” é através de uma “solução política duradoura”.

A mesma posição defendida por Espanha, esta madrugada, que disse “reiterar o seu compromisso” com o Tribunal Penal Internacional e com “com a sua independência e imparcialidade”, num comunicado do ministério espanhol dos Negócios Estrangeiros.

Una vez conocidas las decisiones anunciadas hoy en relación con Israel y Palestina, España reitera su compromiso con la Corte Penal Internacional @IntlCrimCourt y con su independencia e imparcialidad.

Su crucial labor debe desarrollarse libremente y sin interferencias.

— Ministerio de Asuntos Exteriores, UE y Cooperación (@MAECgob) May 20, 2024

“O seu trabalho crucial deve ser realizado livremente e sem interferência”, sublinhou a diplomacia espanhola, numa publicação na rede social X, esta madrugada.

EUA recusa comparação entre Israel e Hamas

Uma posição totalmente contrária à dos Estados Unidos que rejeitou veemente a decisão do procurador do Tribunal Penal Internacional pedir mandados de captura contra os líderes de Israel e do grupo islamita palestiniano Hamas e que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou "ultrajantes, uma vergonha".

"Permitam-me que seja claro: independentemente do que este procurador possa insinuar, não existe qualquer comparação - nenhuma - entre Israel e o Hamas", afirmou a Casa Branca, sublinhando que Washington estará "sempre ao lado de Israel contra as ameaças à sua segurança".

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, considerou a comparação feita pelo procurador entre Israel e Hamas como "vergonhosa" e defendeu que a decisão do TPI poderá colocar em causa os esforços para alcançar um acordo de cessar-fogo, a libertação de reféns e o envio da ajuda humanitária para Gaza.

Também o Reino Unido criticou a decisão do Tribunal Penal Internacional, defendendo que esta decisão “não vai ajudar a alcançar uma pausa nos combates” na Faixa de Gaza, de acordo com o porta-voz do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, citado pela agência Reuters.

"Os mandados de captura não são úteis e não vão ajudar a alcançar-se uma pausa nos combates, na libertação de reféns ou na entrada de ajuda humanitária"
, disse.

c/ agências

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