Macron fortemente criticado da esquerda à direita após conferência de imprensa "reacionária"

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Christophe Petit Tesson - EPA

Na sequência da conferência de imprensa de terça-feira à noite, no Palácio do Eliseu, o presidente francês Emmanuel Macron está a ser fortemente criticado pelos seus adversários políticos tanto da esquerda como da direita, por considerarem o seu discurso "antiquado", "reacionário" e inspirado na extrema-direita.

Depois de se ter dirigido aos franceses durante um discurso que durou duas horas, através do qual delineou as principais linhas de ação que pretende implementar no seu segundo mandato, Macron falou no início do discurso da “França que continua a ser a França”, um slogan utilizado por Éric Zemmour, candidato da extrema-direita às Presidenciais de 2022.

Pelo que não tardou a ser acusado de usar linguagem da extrema-direita por vários deputados. "Macron está a citar Zemmour esta noite. A extrema-direita ao mais alto nível do governo", escreveu Thomas Porte, deputado do La France insoumise (LFI), na rede social X. "Esta noite, o santo padroeiro da burguesia falou. Promete sangue e lágrimas para o povo. Para os patrões e os ricos é champanhe: caça aos desempregados, menos licenças parentais, normas sacrificadas em nome do dogma do lucro", acrescentou.

Ce soir le saint patron de la bourgeoisie a parlé. Il promet du sang et des larmes pour le peuple. Pour le patronat et les riches c’est champagne : chasse aux chômeurs. congés parentaux diminués, les normes sacrifiées au nom du dogme du profit. #macron20h

— Thomas Portes (@Portes_Thomas) January 16, 2024

"Tecnocrata revolucionário"

Por sua vez, Marine Tondelier, secretária nacional do partido francês Europe Écologie-Les Verts (EELV), disse que o discurso do presidente francês era o de um "tecnocrata reacionário", "assustador e antiquado". Segundo Marine Tondelier, Emmanuel Macron "passou ao lado de todas as questões que interessam aos franceses: o aumento do preço da eletricidade, a crise ecológica, a precariedade da habitação e do emprego. Em vez disso, um discurso de política geral lunar e paternalista", escreveu na sua conta X, antigo Twitter. "Assustador, de facto. E antiquado", concluiu.

Un discours de technocrate réactionnaire.#Macron a éludé tous les sujets qui intéressent les Français : augmentation de l’électricité, crise écologique, logement, précarité.

À la place, un discours de politique générale lunaire et paternaliste.

Flippant, vraiment.
Et ringard.

— Marine Tondelier (@marinetondelier) January 16, 2024

Clémentine Autain, do partido de extrema-esquerda La France Insoumise (LFI), escreveu que Macron era "um presidente em crise, sem fôlego, mas tão satisfeito como sempre". Do outro lado político Marine Le Pen, da extrema-direita Rassemblement National (RN), considerou a conferência de imprensa como "mais uma interminável conversa fiada"

Também Éric Ciotti, o líder do Les Républicains, reagiu "Emmanuel Macron anunciou um 'grande encontro com a nação'. Não foi nada. Mais uma vez, ele está a prometer maravilhas".

Comme l’impression que le cours de théâtre obligatoire a commencé dès ce soir… #Macron20h15

— Ian Brossat (@IanBrossat) January 16, 2024

Já Ian Brossat, senador do partido Comunista de Paris, criticou os anúncios sobre o poder de compra."Se o poder de compra dos trabalhadores aumentou, como explicar que a pobreza em França tenha aumentado e o desemprego tenha diminuído?" É como se a aula de teatro obrigatória já tivesse começado esta noite", ironizou.

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