Madeira deve proibir queimadas todo o ano para evitar incêndios, defende especialista

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O docente da Universidade da Madeira, Miguel Sequeira, criticou os hábitos “absolutamente ultrapassados do ponto de vista cultural (queimadas e uso do fogo permanente), impossíveis de manter”, durante a comissão de inquérito, que decorre na Assembleia da Madeira, sobre os incêndios de agosto.

O professor da Universidade da Madeira (UMa), Miguel Sequeira, considerou que a Madeira deveria ter proibição de queimadas durante o ano inteiro, como forma de evitar incêndios. A posição foi defendida durante a comissão de inquérito que decorre na Assembleia Legislativa da Madeira referente aos incêndios que aconteceram na Madeira em agosto.

Miguel Sequeira que já foi diretor Regional das Florestas apontou que a orografia da Região Autónoma é “o principal entrave” para um combate eficaz aos incêndios, “onde os declives não permitem fazer o combate a pé”.

O docente considerou que por essa razão a estratégia de combate aos incêndios deve começar “com a não ignição”. Miguel Sequeira criticou “os hábitos absolutamente ultrapassados do ponto de vista cultural (queimadas e uso do fogo permanente), impossíveis de manter”.

O docente da UMa salientou que “temos cada vez mais áreas cobertas com floresta e cada vez mais estamos a colocar em contacto as áreas florestais com as áreas agrícolas, mantendo o velho hábito da utilização do fogo. Isto é colocar as ignições ao pé de um coberto vegetal pirófilo que, hoje em dia, faz a ligação entre o sul da ilha e a Laurissilva“.

Nesse sentido Miguel Sequeira defendeu que se deve proibir as queimadas durante o ano inteiro na Madeira.

“É uma floresta demasiado importante para continuarmos a ter pequenas regras e exceções que não funcionam”, disse Miguel Sequeira.

Docente defende força especial de bombeiros

Miguel Sequeira defendeu que a Madeira deveria ter uma força especial de bombeiros em permanência, face à importância que a floresta da Madeira tem para Portugal e para a Europa.

O docente da UMa entendeu que a quantidade de meios a colocar no terreno, caso haja incêndio, deve ter em conta “o risco imediatamente a seguir” e “não o momento em que a ignição é detetada”.

O professor da UMa considerou importante “estabelecer uma rede de monitorização permanente preparada para subsistir nos próximos 50 anos, e onde de forma periódica se fizessem estudos sobre a floresta, sobre o coberto vegetal e sobre as plantas invasoras dentro de todo o território da Madeira”.

Durante a audição Miguel Sequeira disse que a Madeira não tem “a floresta que João Gonçalves Zarco viu” mas disse que “esta floresta secundária” está a recuperar.

“A floresta que está a aumentar é a Laurissilva, vegetação nativa, e as espécies invasoras, que não nos trazem boas notícias do ponto de vista das aluviões. O desaparecimento do coberto vegetal nos picos, como aconteceu com os incêndios de agosto passado, vai ter um efeito no balanço hídrico. Vamos ter, provavelmente, menos água. Não é só água que deixa de chegar às nossas captações, é também água que deixa de chegar à Laurissilva”, disse Miguel Sequeira.

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