Madeira? "Não há outra solução que não a convocação de eleições"

O cabeça de lista do Partido Socialista (PS) pelo Porto, Francisco Assis, argumentou, esta quarta-feira, que devem ser marcadas eleições antecipadas na Região Autónoma da Madeira, na sequência do pedido de demissão do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque.

"Não há outra solução possível que não seja a convocação de eleições", disse Assis em declarações à RTP, abordando o "quadro a que se chegou na Madeira, com a renúncia do presidente do Governo Regional e do presidente da Câmara Municipal do Funchal".

"Não pondo em causa o princípio da presunção de inocência em relação a ninguém em particular, mas com o ambiente de suspeição geral que se instalou na Madeira... depois de tudo isto, não há outra solução razoável, aceitável, séria, que não seja a de convocar eleições para a Assembleia Regional", continuou.

Assis que, recorde-se, destoou de alguns colegas socialistas aquando da demissão do primeiro-ministro António Costa, altura em que esteve em cima da mesa a possibilidade de o Governo se manter, sob a alçada de um novo primeiro-ministro, sem a marcação de eleições antecipadas.

"Divergi e transmiti essa posição ao presidente do partido. Entendia que o Presidente da República devia convocar eleições antecipadas, que a solução para a crise política passava pelas eleições antecipadas e que o PS devia partir para essas eleições, como está a partir, sem qualquer vergonha do seu passado, mas voltado para o futuro", assumiu Assis, referindo que, na altura, "qualquer solução que se viesse a encontrar seria periclitante e sempre pior do que o recurso às eleições antecipadas".

O cabeça de lista socialista pelo Porto às Eleições Legislativas de 10 de março argumentou, aliás, que também deviam ser realizadas eleições para a Câmara Municipal do Funchal, cujo presidente também se demitiu na sequência das investigações que marcaram a última semana no arquipélago, e que têm o ex-autarca como suspeito de corrupção.

"Nas Câmaras Municipais, o sistema é muito presidencialista e a figura do candidato a presidente da Câmara Municipal é muito determinante. Quando estamos perante situações desta natureza, desta dimensão, o melhor é restituir a palavra à população", defendeu.

Madeira vs. República?

Francisco Assis considerou, ainda, que na Madeira "a situação parece-me ainda muito mais clara", comparativamente com a crise política no Governo da República.

"Aqui, nem de longe nem de perto chegamos a uma situação como aquela que se vive hoje na Madeira. Qualquer pessoa que olhe para a Madeira com o mínimo de objetividade, que leia os jornais e que ouça as declarações de todos os responsáveis políticos, conclui uma coisa: É um ambiente de tal maneira insalubre do ponto de vista político que a única forma de o ultrapassar é através das eleições", disse.

Assis alegou ainda que "o caso da Madeira é um caso em que o que as pessoas não compreenderiam é que houvesse outra solução que não fosse o recurso a eleições antecipadas", até porque "as pessoas não compreenderiam, tendo havido uma determinada orientação em relação à República, que agora existisse uma orientação distinta em relação à Madeira".

Em jeito de conclusão, o socialista disse que não é preciso ter "medo" das eleições, alertando para possíveis efeitos negativos que essa posição possa ter, se "alguns partidos manifestarem excesso de resistência em relação a essas eleições" ou se "se começar a instalar na sociedade madeirense, e portuguesa em geral, um ambiente de suspeição em relação aos motivos pelos quais alguns parecem ter muito medo de ir a eleições".

"O fundamental é que tem que se restituir a palavra ao povo, para que se restabeleça a relação de confiança mínima que tem que existir entre os cidadãos e as instituições de representação democrática", concluiu.

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