Ninguém me convence que os jogos dos europeus são jogados em lugares comuns. Não é possível. Quando a UEFA escolhe o país anfitrião, desconfio que estuda, com grandes equipas de cientistas ocultos, o lugar por onde vão pairar algum tipo de fenómenos naturais, algum tipo de mercúrio retrogrado, alguma magia especial no ar. Não pode ser normal a quantidade de jogadores que se transformam em heróis com um simples momento num jogo de futebol, e que nos gravem os seus nomes, datas de nascimento, cidade natal, clubes onde jogaram e estádio onde se estrearam na carreira, para sempre na memória. Porquê que eu não sei o ano de nascimento do meu avô, mas sei que o Bierhoff nasceu em 68 em Karlsruhe? Ou sei toda carreira de Arshavin, desde aquela noite na Suiça contra a Holanda no Euro 2008? E que no dia 2 de Julho de 2021, o Spinazzola não devia ter corrida aquela bola pela lateral, porque merecia mais do que todos jogar a final do Euro em Wembley? Vimos nascer assim autênticos Deuses, eternos nas nossas memórias. Panenka em 76, Poborsky em 86, Nuno Gomes e Trezeguet em 2000, Rooney, Milan Baro ou Charisteas (tinha que citar) em 2004, Arshavin em 2008, Éder em 2016, Spinazzola ou Bukayo Saka em 2020… e haverá mais em 2024. Todos estes nomes foram inspirados pelo tal fenómeno que há nos países organizadores, aquela tal magia oculta. Tem que haver alguma explicação lógica. Mas não me convencem disso. Assim como isto são só Palavras à Sorte. «Palavras à Sorte» é a rubrica diária dos jornalistas do zerozero durante o Euro 2024. Todos os dias, na Alemanha ou na redação, escrevemos um apontamento pessoal sobre a competição e todas as sensações que ela nos suscita.
Ou então é só mesmo futebol.