Mais de um terço das empresas estão a preparar-se para regulação da Inteligência Artificial

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BCG considera que 2024 será o ano de “transformar a magia da lA generativa em impacto nos negócios”. CEO da consultora global disse esta sexta-feira, numa videoconferência com jornalistas, que as experiências que as empresas fizeram com a tecnologia no início do ano passado evoluíram para utilizações tecnicamente mais complexas no terceiro e quatro trimestres de 2023.

Quase quatro em cada dez empresas mundiais (38%) já estão a preparar-se para as regulações específicas sobre Inteligência Artificial (IA) generativa que vão surgir, concluiu um estudo da Boston Consulting Group (BCG), apresentado esta sexta-feira numa videoconferência com meios de comunicação social internacionais.

Quando se analisa apenas as empresas que preveem investir mais de 50 milhões de dólares (aproximadamente 46 milhões de euros) em IA ou IA generativa nos próximos doze meses, essa percentagem sobe para 72%, segundo o “BCG AI Radar 2024”, divulgado em antecipação ao Fórum Económico Mundial de Davos, que começa na próxima segunda-feira.

Não é ao acaso. A Europa está prestes a ter a primeira legislação da IA, que estabelece obrigações às empresas com base em níveis de risco dos seus algoritmos e prevê multas que vão de 7,5 milhões de euros ou 1,5% do volume de negócios total até 35 milhões de euros ou 7% da faturação global. Há cerca de um mês, os eurodeputados e o Conselho Europeu chegaram a um acordo provisório sobre esse Regulamento da IA (Artificial Intelligence Act).

Prioridade para quase 90% dos executivos

“Há a ideia geral entre os CEO de que a IA é uma grande prioridade, portanto também há desafios com os quais têm de lidar. Quando nos reunimos com os clientes, normalmente há três valores que indicamos: implementar a IA generativa nas tarefas diárias para atingir um potencial de produtividade de 10% a 20%, reorganize funções críticas para melhorar de 30% a 50% a eficiência e a eficácia e inventar novos modelos de negócios nesta área para criar uma vantagem competitiva de longo prazo”, explicou o CEO da BCG, Christoph Schweizer, em declarações aos jornalistas.

A grande maioria (89%) dos gestores colocaram a lA e lA generativa no pódio das principais prioridades para 2024, revelou o inquérito que incluiu 1.406 entrevistas a altos executivos (C-level) de empresas em 50 países na América do Norte, Europa e Ásia. Basicamente, “2024 será o ano de transformar a magia da lA generativa em impacto nos negócios”, de acordo com estes especialistas da consultora norte-americana.

Inquérito concluiu também que 90% dos executivos ainda estão apenas a observar (à espera de que o hype da Inteligência Artificial passe ou só a experimentar) e 66% estão na dúvida ou insatisfeitos com o progresso realizado

Todavia, há entraves neste processo de digitalização e introdução de algoritmos cada vez mais inteligentes. A BCG apercebeu-se de que os principais desafios que as administrações enfrentam são: 90% estão apenas a observar (à espera de que o hype passe ou só a experimentar), 66% estão ambivalentes ou insatisfeitos com o progresso, 59% dos líderes têm pouca ou nenhuma confiança na proficiência da equipa executiva na IA generativa e só 6% das empresas formaram mais de 25% dos trabalhadores nestas ferramentas.

Questionada sobre os sectores onde se observa mais adoção de tecnologia preditiva, a diretora de Marketing da BCG, que também esteve na sessão, nomeou as telecomunicações e media, bens de consumo, retalho ou seguros.

“O que vejo, pelo menos na Europa, é que o sector financeiro está a ficar muito ativo nesta área e também se nota os cuidados de saúde a movimentarem-se”, referiu Jessica Apotheker, Chief Marketing Officer e managing director do escritório de Paris. Ao que o diretor de Tecnologia e Digital Advantage, Vladimir Lukic, respondeu: “Sinceramente, eu nem me arriscaria a dizer que este ou aquele sector estão a ser impactados. É transversal”.

O CEO da BCG acrescentou dois pontos revelantes: a consultora recusa falar de substituições massivas de humanos pelas máquinas– embora estejam a acontecer nalgumas organizações – e os testes de utilização de chatbots e outras automações estão a caminhar para mais especialização técnica.

“Não nos colocamos no campo de achar que a IA vai gerar uma vaga de desempregos e tornar muitos outros obsoletos. Porquê? Primeiro, é uma ferramenta de redução de custos da empresa. Depois, há muitos perfis de engenharia e design de IA que são necessários, portanto criam-se oportunidades substanciais de trabalho”, argumentou Christoph Schweizer.

“No terceiro e no quarto trimestre de 2023 achei muito interessante ver como aquilo que eram apenas experimentações de IA evoluíram tecnicamente e se tornaram mais complexas. Acho que os CEO estão audazes e otimistas”, concluiu, na conferência online onde o Jornal Económico esteve presente.

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