Mais desporto

1 mes atrás 43

“Mais apoios aos atletas? Não sei se, daqui por uns meses, os portugueses serão tão entusiásticos” – disse Marcelo Rebelo de Sousa em 12 de agosto, a propósito da ideia de Portugal investir nas diversas modalidades e na preparação para os Jogos Olímpicos. O Presidente conhece bem o povo e está a ser pragmático. A opinião pública tem destas paixões fugazes e irá criticar o dinheiro investido à primeira falha, como se as derrotas não fizessem parte do desporto de alta competição.

No entanto, este desdém pelo investimento olímpico arrisca passar uma mensagem limitada e pouco ambiciosa em relação à importância do desporto na sociedade e na economia. Os resultados internacionais não devem ser um objetivo em si mesmos, mas a criação de uma cultura de prática desportiva e de uma mentalidade de ligação entre resultados obtidos e esforço realizado são da maior importância.

Nesse sentido, a existência de condições de treino e de exemplos de excelência criam efeitos de imitação e inspiração. Para além da contribuição económica direta, o desporto, a prática de exercício e a boa forma física têm um impacto importante na saúde. Incentivar o aumento da aptidão física pode levar a poupanças significativas nos cuidados de saúde e a uma maior produtividade dos trabalhadores.

Um estudo da Deloitte de junho de 2022, “Economic Health & Societal Well-being: Quantifying the Impact of the Global Health & Fitness Sector” apresenta números concretos. A despesa em cuidados de saúde em Portugal aproxima-se de 10% do PIB e espera-se que cresça a uma taxa superior à do PIB real, tendo em conta o perfil demográfico. Por outro lado, estima-se que a inatividade custe diretamente ao sistema de saúde português cerca de mil milhões de euros para tratar e cuidar das principais doenças relacionadas com a falta de exercício físico. Deste valor, cerca de 60% são suportados pelo sistema público de saúde.

Segundo o estudo, “todos os anos Portugal perde mais de 7,6 milhões de dias de trabalho em absentismo e presentismo devido a trabalhadores insuficientemente ativos. Com base no PIB médio gerado por trabalhador por dia de trabalho, isto custa à economia portuguesa 1,6 mil milhões de euros por ano”.

Defende-se ainda que “investir 1000 euros para ajudar uma pessoa inativa a tornar-se ativa resulta num período de retorno de menos de um ano, em média, em termos de benefícios para a economia e a sociedade em geral”. Isto para não falar em temas como qualidade de vida, utilidade social até mais tarde e, em suma, mais felicidade.

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