“Mar salgado de Portugal”

9 meses atrás 81

Daqui a pouco mais de dois meses Portugal vai novamente a votos, e o que aí vem são tudo menos favas contadas, numas eleições de extrema importância para todos, e cujo debate se centra na escolha entre um bloco dos partidos de direita e um bloco dos partidos de esquerda, ou da outrora denominada ‘geringonça’.

Poucos diriam que o PS iria tão fragilizado a votos, após conquistar uma maioria absoluta há apenas dois anos. António Costa, que tantos consideram um grande estratega, geriu da pior forma o teatro político da degradação governativa, avolumando crises atrás de crises, até à demissão final.

Porque este é o país com uma das maiores cargas fiscais do mundo, o que tem um dos maiores endividamentos públicos da Europa, o que tem visto a sua proteção social e de saúde a deteriorar-se, com os serviços públicos a registarem uma crescente e assustadora degradação.

O nosso povo sonha com um futuro melhor, mas sem criação de riqueza coletiva e uma nova visão estratégica para Portugal, dificilmente isso acontecerá. O Estado tem de criar soluções para os novos desafios demográficos, decorrentes da baixa natalidade e do envelhecimento ativo, para evitar o agravamento das desigualdades sociais, da pobreza e da exclusão social.

Um Portugal que, nos rankings internacionais sobre competitividade económica, é o segundo país que mais se afundou, comparativamente com as 60 principais economias do mundo, e cujo poder de compra caiu para 76,4% da média europeia, e onde as variáveis menos positivas da corrupção, carga fiscal e economia paralela mais terão contribuído para essa descida abrupta.

Um Portugal onde o risco da pobreza aumentou para 18,4%, e que detém o título de terceiro país da União Europeia que apresenta o maior número de pessoas com trabalho temporário, onde cerca de um quarto dos trabalhadores (22%) são precários, quando a média da Europa não excede os 14%. Um país onde quase dois terços (64,5%) dos trabalhadores temporários são jovens e em que cerca de 82% dos empregados temporários estava nesta situação involuntariamente.

Tudo se mantém em aberto neste importante ato eleitoral, em que se anseia por “novos horizontes”. A decisão está nas mãos dos portugueses, para que tenham partidos e políticos que trabalhem com honestidade, responsabilidade, orgulho e sentido de estado.

Somos um povo com esperança e resiliência, e vamos continuar a lutar pela nossa economia e pelo Portugal que faz bem, que luta, empreende e não se conforma. Mas, nunca como hoje, estivemos tão dependentes de um novo Governo. Como um farol que evita que os portugueses fiquem à deriva e se tornem náufragos no ‘mar salgado’ de Camões, feito de lágrimas de Portugal.

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