Matheus Pereira (ex-Sporting) com revelações chocantes: «Treinei bêbedo várias vezes»

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Produto da formação leonina desde tenra idade, Matheus Pereira, atualmente jogador do Cruzeiro, concedeu recentemente uma entrevista onde fez revelações chocantes. 

Em conversa com o The Players Tribune, o médio de 27 anos revelou as lutas que travou com as drogas leves e com o álcool, admitindo mesmo que chegou a treinar sob o efeito de álcool. Pelo meio, uma depressão profunda levou-o mesmo a pensar em tirar a própria vida. Agora, recorda as palavras que Luís Castro lhe dirigiu em 2017/18, quando era treinador do Chaves: «Haverá sempre estrelas a iluminar o céu, mesmo que não as vejas por causa dos dias nublados». 

O fundo do poço aconteceu quando já estava na Arábia Saudita, ao serviço do Al Wahda em 2022/23. Por empréstimo do Al Hilal, Matheus Pereira revelou que treinou várias vezes bêbado e que a esposa o ajudou a evitar o pior. 

«Só não me atirei porque a minha mulher foi mais rápida»

«Para mim, era tudo escuridão e desespero. Estava cansado e cansado de ficar cansado. Queria livrar-me de sofrimento que nem entendia de onde vinha. Havia noites em que bebia três garrafas de vinho. Treinei bêbedo várias vezes e cheguei a ser internado no hospital com hipocalemia [níveis de potássio muito baixos] e a soro, porque eu não comia, só ingeria álcool. Um dia abri a janela do nosso apartamento com uma vista espetacular e só não me atirei porque a minha mulher foi mais rápida. Agarrou-me, puxou-me para dentro e ficámos sentados a chorar abraçados», começou por dizer, revelando que não foi o único caso em pensou em suicídio. 

@Al Hilal

Mais tarde, já durante a terapia ainda no Médio Oriente, Matheus Pereira revelou outra recaída: «Peguei na chave do carro e saí a correr... Não me importava o destino, desde que ele fosse o fim. Daí toca o meu telemóvel. Era a minha irmã mais nova. Atendi a chorar. 

'Eu não aguento mais, eu não aguento mais, eu não aguento mais. Ajuda-me, por amor de Deus! Eu quero matar-me. Eu preciso de me matar'.

Ela tinha-me ligado para partilhar comigo a notícia mais feliz da vida dela: ia ser mãe... Conversámos bastante, a minha irmã disse que o bebé ia precisar de um tio craque que o ensinasse a jogar bola. Isso comoveu-me muito e trouxe-me uma felicidade momentânea, que não foi suficiente para silenciar aquele impulso de morte na minha cabeça», revelou o jogador que, assim que desligou a chamada, voltou a ter mais um sinal. 

«Assim que desliguei a chamada, pensei em ir à ponte Hudariyat. E se eu me atirar dali? É isso. Vou-me atirar desta ponte. Pronto. Acabou. Dei à chave e o carro não pegou. Tentei de novo. Nada. Passei uns 10 minutos a tentar pôr o carro funcionar e não conseguia. Insisti de todas as formas, mas não pegava. Parecia que tinha algo a travar-me. Até que a minha esposa aparece, abre a porta do carro e me dá um abraço », acrescentou o jogador. 

«Quando não conseguimos sozinhos, temos de deixar outro guiar»

Depois desses episódios deixou o Médio Oriente e, por uns tempos, deixou o futebol e recordou as palavras que Luís Castro lhe disse em 2017/18, quando se cruzaram no GD Chaves, numa altura em que o médio deixou Alvalade por empréstimo, devido a casos de indisciplina e comportamento fora dos relvados. 

@Vítor Parente / Kapta+

«‘Miúdo, na vida, às vezes, quando não conseguimos sozinhos, temos de deixar outro guiar. Fica calmo. Haverá sempre estrelas a iluminar o céu, mesmo que não as vejas por causa dos dias nublados’. O futebol mais uma vez estendia-me a mão, agarrei-me a Deus e fui melhorando», revelou. 

Pelo meio, Matheus Pereira revelou ainda que o corte de relações com os pais, quando estava em Inglaterra (West Brom) também influência neste desfecho: 

«Tive de tomar uma decisão muito difícil: afastar-me de vez dos meus pais, cortei todos os contactos. Em duas temporadas estive bem no West Brom, mas depois aconteceu a pandemia de Covid, os clubes cortaram investimentos. Apareceu uma proposta absurda do Al-Hilal, da Arábia Saudita, e mudei-me», recordou, apontando que o afastamento da comunidade cristã, quando se mudou para a Arábia, não ajudou este quadro de saúde mental. 

Infância difícil salva pelo futebol

No mesmo sentido, Matheus recordou também a infância difícil que teve no Brasil, antes de se mudar para Portugal, com 13 anos: «Só escorreguei para o lado da vida porque certa tarde o meu pai apareceu com uma bola de futebol que me encheu com a energia que eu precisava para sarar [Pneumonia que sofreu aos dois anos]». 

Antes da mudança, teve ainda se assumir responsabilidades. O pai mudou-se primeiro para Portugal, depois a mãe, e ele, com 11 anos, e quatro irmãos, ficaram a cargo de uma avó cega e surda: «A minha educação dali para frente seria responsabilidade de uma senhora de idade que não falava nem ouvia. Para completar, uns tios meus que também moravam ali estavam envolvidos com tráfico de droga». Acabou por mudar-se para Portugal com 13 anos. 

Por fim, sobre o regresso ao Brasil [Cruzeiro] e ao futebol, Matheus Pereira revelou que foi um jogo de seleções em Alvalade que o fez voltar: 

@Gustavo Aleixo/Cruzeiro

«Naquela altura, eu já tinha prometido que não voltaria para a Arábia e não cumpriria o resto do contrato no Al-Hilal. A Seleção Brasileira foi fazer um amigável contra o Senegal em Alvalade, o estádio do Sporting. Estava com tempo, comprei bilhete e fui assistir. De repente, sentado na bancada, fiquei emocionado…», relembrou, antes de surgir o convite do Cruzeiro. 

«No Cruzeiro, reencontrei mais do que paz. Reencontrei-me. Parece bobagem, mas não é. Porque no meio da escuridão, e eu andei muito por lá, a coisa mais difícil que há é conseguir reconhecer-me. A terapia ajudou-me muito e as estrelas guiaram-me», finalizou. 

Brasil

Matheus Pereira

NomeMatheus Fellipe Costa Pereira

Nascimento/Idade1996-05-05(27 anos)

Nacionalidade

Brasil

Brasil

Dupla Nacionalidade

Portugal

Portugal

PosiçãoAvançado (Extremo Direito) / Avançado (Extremo Esquerdo)

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