Médicos moçambicanos anunciam retorno à greve

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A Associação Médica de Moçambique (AMM) vai voltar à greve, acusando o Governo de desinteresse em resolver as suas revindicações, disse esta sexta-feira à Lusa o porta-voz da agremiação.

"Tivemos hoje uma reunião da classe médica, avaliamos o ponto situação do diálogo com o Governo e percebemos que não há qualquer diálogo a acontecer. O Governo está a dar voltas apenas. Sendo assim, vamos voltar", disse hoje à Lusa Napoleão Viola.

A AMM está em negociações com o Governo moçambicano desde 23 agosto de 2023, data em que decidiu interromper uma greve convocada em 10 de julho daquele ano, protestando, sobretudo, contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias.

"Há 23 pontos que estão na mesa de negociação desde agosto e o Governo resolveu apenas seis. Vamos voltar à greve e em breve a associação vai comunicar as datas exatas", acrescentou.

O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou, nos últimos dois anos, diversos momentos de pressão, provocados por greves de funcionários, convocadas, primeiro, pela Associação de Médicos Moçambicanos, contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias, e depois pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que interrompeu recentemente a sua greve, mas ameaça voltar.

Em entrevista à Lusa, na última semana, a APSUSM,  que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos (exceto os médicos), classificou a situação no sistema nacional como caótica, alertando que os profissionais, em protestos constantes nos últimos meses, estão a trabalhar sem condições.

"A situação continua difícil para nós porque trabalhamos sob forma de improviso, são muitos remendos que temos de fazer que é para conseguir prestar o mínimo de atendimento adequado", disse a secretária-geral da APSUSM, Sheila Chuquela, alertando que os profissionais de saúde ponderavam também voltar à greve.

O país tem um total de 1.778 unidades de saúde, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro hospitais centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo dados do Ministério da Saúde consultados pela Lusa.

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