Menino que morreu à fome era demasiado baixo para abrir frigorífico

O menino de dois anos que morreu à fome depois de o pai ter sofrido um ataque cardíaco fatal era cerca de cinco centímetros mais baixo do que a altura necessária para chegar ao frigorífico, segundo a mãe da criança.

Bronson Battersby foi encontrado agarrado às pernas do pai, Kenneth, de 60 anos, na sua residência em Skegness, em Lincolnshire, no Reino Unido, a 9 de janeiro – 14 dias depois da última vez que foi visto com vida.

A mãe do menor, Sarah Piesse, de 43 anos, confessou estar assombrada pela visão do seu “lindo menino” à procura de comida e de água, uma vez que era demasiado pequeno tanto para abrir a torneira, como para abrir o frigorífico. Além disso, as guloseimas de que gostava tinham sido movidas para uma prateleira mais alta, para que Bronson não conseguisse alcançá-las sem autorização.

“Agora, só consigo pensar nele, a morrer de fome, a entender a mão e a tentar chegar à prateleira. Não consigo aguentar isto. Os seus últimos momentos foram passados sozinho e devia estar com muita sede e fome. E Kenny estava no chão. Só rezo para que tenha pensado que o pai estava a dormir”, lamentou a mulher, em declarações ao The Sun.

A mulher adiantou que, como pai e filho passaram a ceia de Natal juntos, haveria restos no frigorífico que poderiam ter salvado o menino.

“Isto está a assombrar-me. Se consigo adormecer, é apenas por algumas horas. Acordo a pensar nele a vaguear sozinho, a morrer de fome. Deve ter ficado tão fraco no final que decidiu desistir e agarrar-se ao pai, abraçando as suas pernas. Nunca me vou perdoar por não ter estado lá”, complementou.

As assistentes sociais encarregues do caso de Bronson, que foi viver com o pai quando a mãe se mudou para um apartamento com umas escadas altas sem corrimão, visitaram a casa alugada de Kenneth no dia 2 de janeiro, mas não obtiveram resposta. Regressaram ao local dois dias depois, mas o desfecho foi o mesmo. Ainda que tenham contactado as autoridades ambas as vezes, pai e filho só foram descobertos no dia 9 de janeiro. Análises preliminares indicaram que o menino morreu de desidratação e de fome.

O casal, que se separou em 2019, tem ainda uma filha de três anos e um menino de sete anos em comum. Desde novembro que a mulher não via o filho mais novo, na sequência de uma discussão com o ex-companheiro.

Entretanto, o Gabinete Independente de Conduta Policial (IOPC) confirmou, esta quinta-feira, ter aberto uma investigação às autoridades locais, por forma a verificar se houve "oportunidades perdidas" pela polícia de Lincolnshire antes da morte da criança e do pai, noticiou o The Independent.

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