Ola Källenius, CEO da Mercedes-Benz, apela a um suavizar das regras das emissões, face ao comportamento do mercado em relação aos elétricos.
O diretor executivo da Mercedes-Benz, Ola Källenius, pede à União Europeia (UE) um suavizar das regras das emissões, em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt.
De acordo com esta publicação, Källenius mostrou estar a favor da posição da Associação Europeia de Construtores de Automóveis (ACEA) na utilização da regulação de emergência para atrasar em dois anos a implementação das novas metas das emissões.
© Mercedes-Benz Ola Källenius, CEO da Mercedes-Benz e presidente do conselho de administração da Daimler.O que está em causa?
O caminho para chegar às zero emissões de CO2 em 2035 passa por duas etapas intermédias de redução das emissões: a primeira é já em 2025 e a segunda em 2030.
A do próximo ano irá obrigar a uma descida das emissões médias dos automóveis novos na União Europeia das atuais 115,1 g/km (95 g/km, de acordo com o ciclo NEDC) para apenas 93,6 g/km (ciclo WLTP).
Para o conseguir, os construtores automóveis ficam dependentes da venda de um número cada vez maior de elétricos, mas as vendas não estão a crescer. Caso não atinjam a meta estipulada (varia de construtor para construtor), ficam sujeitos ao pagamento de avultadas multas (95 euros por grama acima e por carro).
Este problema foi realçado recentemente também por Luca de Meo, presidente da ACEA e CEO do Grupo Renault, em declarações à rádio francesa France Inter: “Se os elétricos permanecerem ao nível atual, a indústria europeia poderá ter de pagar 15 mil milhões de euros em multas ou desistir da produção de mais de 2,5 milhões de veículos”.
“A velocidade de crescimento dos elétricos é metade do que precisaríamos que fosse para atingir os objetivos que nos permitiriam não pagar multas”, acrescentou de Meo.
O diretor executivo da Mercedes-Benz corrobora esta análise, acrescentando outro fator: “não podemos ignorar as preferências dos consumidores”. Com a quota de carros elétricos na UE a diminuir este ano, as metas de CO2 para 2025 serão “dificilmente alcançáveis”, declarou.
Tempos difíceis
Os últimos tempos não têm sido fáceis para a indústria automóvel e a Mercedes-Benz não é exceção. O grupo alemão reduziu, pela segunda vez este ano, o objetivo de margem de lucro anual, devido à deterioração rápida do seu negócio na China, que é o seu maior mercado.
O grupo alemão prevê agora uma margem de entre 7,5% e 8,5% para este ano, comparativamente aos 10-11% inicialmente previstos. Apesar disso, Källenius confirmou que o plano de redução de custos está a ser cumprido, adicionando que “nenhuma empresa é estática”.
Fonte: Bloomberg