O regresso do peso da dívida pública a um patamar inferior a 100% do PIB (Produto Interno Bruto, que mede a riqueza gerada no País) é um marco que deve ser celebrado. Há mérito do Governo e do ministro das Finanças, mas este resultado histórico é graças ao esforço hercúleo dos contribuintes portugueses. E Fernando Medina contou com um aliado improvável para melhorar o saldo das contas públicas: a inflação galopante. Cada vez que os produtos ficam mais caros, o Fisco arrecada mais dinheiro e, por isso, a inflação de 2022 e 2023 elevou o potencial de carga tributária para níveis estratosféricos.
Só quem já não se lembra do sufoco que sofremos com o resgate da ‘troika’ é que pode dizer que contas públicas sem défice ou a redução da dívida pública não interessam. É relevante para o alívio financeiro dos cofres públicos com juros. E graças a este desempenho, o País nos mercados externos está cada vez mais longe dos piores da Europa e aproxima-se de companhia mais decente.
A melhoria substancial das contas públicas é um passo certo, mas não é suficiente. De nada serve ter contas certas e ter uma máquina do Estado a desfazer-se, e não é por falta de dinheiro, mas sim porque gasta cada vez mais. Qualquer que seja o Governo depois dos idos de março, tem de manter o rumo das contas, mas não pode esquecer o investimento que tem de ser feito e o choque de gestão necessário no Estado.