Milhares de russos perto de Kharkiv, mas militares estão "prontos"

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"Cerca de 50 mil [soldados russos] estavam na fronteira. Agora há bem mais de 30 mil a atacar" na região desde sexta-feira, disse Oleksandr Lytvynenko em entrevista à agência France Presse (AFP).

No entanto, indicou que, de momento, nenhuma ameaça pesava sobre a cidade de Kharkiv, situada a cerca de trinta quilómetros da zona de combate e perto da fronteira com a Rússia e que tinha quase um milhão e meio de habitantes antes da invasão russa, em fevereiro de 2022.

"As ações russas continuam na área fronteiriça. Podemos dizer que não vemos uma ameaça de ataque à cidade de Kharkiv", disse Lytvynenko, que ocupa o cargo desde o final de março.

A ofensiva russa nesta área era esperada, segundo o secretário de Defesa, uma vez que os serviços de informações de Kyiv "deram essa indicação a tempo e os militares estavam prontos", afirmou o responsável, enquanto a comunicação ucraniana e autores de blogues militares questionavam a aparente facilidade do ataque.

Especialista na Rússia, nomeadamente depois de ter estudado numa escola dos antigos serviços de informações e segurança de Moscovo, KGB, durante a era soviética, Lytvynenko também considerou que a substituição surpresa do ministro da Defesa russo, anunciada no dia anterior pelo líder do Kremlin, Vladimir Putin, refletia o desejo deste último de se preparar para uma longa guerra contra o Ocidente.

"Isto sugere que Putin está a planear uma guerra durante muito tempo. Uma guerra não só contra a Ucrânia, mas também contra o Ocidente como um todo, uma guerra contra a NATO", disse Oleksandr Lytvynenko.

Sergei Shoigu, que era ministro da Defesa russo desde 2012 e um símbolo da estabilidade dos vários governos de Vladimir Putin, foi substituído por Andrei Belousov, economista de formação.

O novo ministro é "um gestor experiente, capaz de assegurar uma guerra de desgaste a longo prazo" e "que deve limitar o roubo tradicional do tesouro russo e o roubo das forças armadas russas", estimou Oleksandr Lytvynenko.

A Rússia abriu nos últimos dias uma nova frente de batalha na região fronteiriça de Kharkiv, que chegou a estar parcialmente sob ocupação nos primeiros meses de invasão.

Hoje foi anunciada a demissão do chefe do grupo militar tático operacional da região ucraniana, Yuri Galushkin, não tendo sido dadas razões para este afastamento.

O analista militar ucraniano Yuri Butusov indicou hoje nas redes sociais durante uma visita à localidade de Vovchansk -- situada na zona fronteiriça de Kharkiv e um dos principais objetivos da ofensiva russa na zona -- que a situação melhorou para a Ucrânia nos últimos dois dias, após a substituição no sábado de Galushkin.

Butusov e outros analistas ucranianos tinham advertido que na zona onde se concentra o ataque russo não foram construídas defesas apropriadas.

A administração militar de Vovchansk indicou que as fortificações construídas na zona eram menos densas que as erguidas em outras linhas da frente devido aos contínuos ataques de artilharia das forças russas nesta zona de fronteira, e que impediram uma defesa mais adequada.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, enquanto a Rússia tem aproveitado a vantagem em homens e equipamento para alcançar pequenos avanços terrestres no nordeste do país.

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