Milhares integram nova manifestação na Alemanha contra extrema-direita

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No sábado, em várias cidades alemãs, perto de 250 mil pessoas estiveram em manifestações contra a extrema-direita Wolfgang Rattay - Reuters

Uma manifestação contra o partido de extrema-direita AfD juntou este domingo dezenas de milhares de pessoas em Munique, no sul da Alemanha. O volume da adesão obrigou mesmo a interromper a marcha planeada para esta ação de protesto.

De acordo com os organizadores da marcha contra o partido Alternativa para a Alemanha, a manifestação de Munique terá somado 50 mil pessoas, o dobro do que estava inicialmente previsto. Mas os cálculos divergem. As forças de segurança, citadas pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung, apontam, por sua vez, para uma concentração de 100 mil pessoas.

München gegen Rechts…. Züge, S-Bahnen, Busse waren voll Richtung München… Veranstaltung musste abgebrochen werden, weil es zu viele waren… pic.twitter.com/LaklOA2RHE

— Natalie Amiri (@NatalieAmiri) January 21, 2024
No decurso da marcha, que acabaria por ser interrompida, os manifestantes empunharam cartazes com palavras de ordem como "Fora nazis", ou "Nunca mais, é agora". Na véspera, perto de 250 mil pessoas, segundo estimativas da estação de televisão ARD, haviam estado em manifestações semelhantes que percorreram várias cidades alemãs.

Em Frankfurt, 35 mil pessoas marcharam, no sábado, com o objetivo de "defender a democracia". Em Colónia, juntaram-se 70 mil pessoas, enquanto que em Bremen a polícia local registou pelo menos 45 mil manifestantes. E em Dresden, na região que constitui o bastião do partido da AfD, foi também promovida uma manifestação. 

As ações de protesto estão a ser potenciadas pela revelação, a 10 de janeiro, por parte da publicação Correctiv, de uma reunião de extremistas em Potsdam, onde em novembro foi debatido um plano de deportações em massa. A ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, comparou este encontro à "horrível Conferência de Wannsee", quando os nazis planearam o extermínio dos judeus, em 1942.

Entre os participantes na reunião de Potsdam, perto de Berlim, figurou o austríaco Martin Sellner, do movimento identitário radical, além de elementos da AfD. Sellner apresentou um projeto que visaria enviar para o norte de África até dois milhões requerentes de asilo, estrangeiros e cidadãos alemães ditos não assimilados.

Ainda assim, a AfD mantém a tendência de crescimento nas sondagens. Isto na antecâmara de três eleições regionais no leste da Alemanha; aqui, as intenções de voto na extrema-direita mostram-se particularmente pronunciadas.
Manifestantes "dão coragem a todos"
O chanceler alemão, o social-democrata Olaf Scholz, esteve igualmente numa manifestação realizada há uma semana, juntando a voz a múltiplos responsáveis políticos que descreveram as noticiadas intenções da extrema-direita como uma ofensiva contra a democracia.

Já o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, afirmou, em mensagem de vídeo, que os manifestantes "dão coragem a todos": "Eles estão a defender a República e a nossa Constituição".

A AfD, que logrou sentar-se no Parlamento alemão em 2017, aparece atualmente em segundo lugar nas intenções de voto, com um score de cerca de 22 por cento, depois dos conservadores. A coligação governamental de Scholz com os ecologistas e os liberais debate-se com uma impopularidade crescente.

c/ agências

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