Missão Pace da NASA vai olhar para saúde da Terra

7 meses atrás 60

O lançamento esteve previsto para ontem, mas foi adiado "devido a ventos terrestres que impedem as verificações de pré-lançamento” informou a NASA.

Um olhar clínico sobre o nosso planeta
Todos nós já ouvimos e sentimos na pele os efeitos dos fenómenos climáticos extremos que, se por um lado não cai pinga de água durante semanas, por outro surge às vezes de forma torrencial e por vezes destrutiva. Isto para não falar das temperaturas que estão cada vez mais altas durante o ano. Efeitos que fogem ao regular padrão sazonal, com as estações do ano a serem cada vez mais palavras de calendário.

São mudanças no clima que se devem, afirmam os cientistas, ao comportamento humano e às emissões de gazes que todos os dias produzimos, colocando o planeta “doente” e sendo as alterações climáticas os sintomas mais visíveis.

E se nós, quando estamos doentes vamos ao médico e fazemos análises, a NASA quer fazer exatamente o mesmo ao planeta através da missão PACE.

Uma missão espacial que vai analisar os sinais vitais da Terra por meio da observação da saúde dos plânctons, aerossóis, nuvens e oceanos.

Créditos: NASA Goddard

NASA vai fazer um "checkup" à Terra

A missão Pace, de acordo com a NASA, tem como objetivo ampliar e melhorar o registo de mais de duas décadas de observações da biologia oceânica global, bem como das pequenas partículas suspensas na atmosfera e nuvens.

Este novo satélite vai também registar as principais variáveis atmosféricas associadas à qualidade do ar e ao clima da Terra.

Uma das cientistas envolvida nesta missão é a oceanógrafa da NASA Violeta Sanjuan. A investigadora , numa entrevista dada à agência EFE, explicou que este não é mais um satélite de observação terrestre. Fala numa nova fórmula de análise, revolucionária mesmo, porque irá fornecer detalhes do oceano - especialmente das microalgas (fitoplâncton) - de uma forma nunca alcançada antes.

O fitoplâncton - explica Sanjuan - representa apenas um por cento da massa vegetal total do planeta (incluindo terrestre), mas mesmo assim “gera aqueles 50 a 60 por cento do oxigénio” que estão disponíveis no planeta.

“[O fitoplâncton] é altamente eficiente na captura de dióxido de carbono e na liberação de oxigénio, muito mais que as plantas terrestres”, realça.

Esta missão da NASA é realmente única, porque além de analisar detalhadamente o fitoplâncton vai também ao ponto de vista da interação com aerossóis e substâncias suspensas no ar, como explica a cientista espanhola.

“Vamos poder ter uma visão incrível que não tínhamos até agora de como os nossos oceanos se comportam, de como é a atmosfera e como ambos interagem e regulam o nosso clima”.

O revolucionário satélite é composto por três instrumentos: um deles é um sensor que pode identificar até 256 cores no oceano, enquanto as ferramentas anteriores diferenciavam menos de dez tonalidades. “A quantidade de volume de dados é incrível em comparação com o que tínhamos antes”.

Créditos: NASA

A importância de determinar essas tonalidades deve-se ao facto de a cor do fitoplâncton variar de acordo com a sua espécie.

Este organismo [fitoplâncton] é muito importante, não só porque é a base da cadeia alimentar e a origem da vida, mas pela importância que tem para as alterações climáticas, acrescentou Sanjuan.

“Conhecer a saúde dos nossos oceanos é essencial, já que são os pulmões do nosso planeta”, enfatizou a oceanógrafa da missão a trabalhar na Goddard Space Flight Center da NASA, em Greenbelt, Maryland, nos Estados Unidos.

Sanjuan lembrou ainda que o oceano representa 70 por centto da superfície terrestre e que apenas cerca de cinco por cento foram estudados. Nesse sentido, destaca que o PACE é um “salto tecnológico” que permitirá grandes avanços durante a vida útil do satélite, com uma missão de pelo menos três anos, muito embora o satélite tenha combustível para dez.

A investigadora espanhola especificou que o satélite voará numa órbita que se move com a Terra e que poderá haver certas regiões do planeta com uma repetição entre um e dois dias, o que ajuda a observar as mudanças dos oceanos e a estudar a evolução destas espécies de fitoplâncton.

Créditos: Odysea LLC

Esta informação é crucial “para as alterações climáticas, para o ciclo do carbono e para a vida do planeta”, apontou.

Segundo a agência, os dados recolhidos pelo PACE vão ajudar os cientistas a entender melhor como o oceano e a atmosfera trocam dióxido de carbono, mas também revelará como os aerossóis podem alimentar o crescimento do fitoplâncton na superfície do oceano. Com essas informações, a NASA poderá identificar a extensão e a duração da proliferação de algas nocivas para o planeta.

O PACE será colocado numa órbita mais distante que a Estação Espacial Internacional (ISS), a cerca de 677 quilómetros da Terra, e está previsto sair da Terra por volta das 5 da manhã desta quinta-feira, hora de Lisboa (1h33 AM EST), a bordo do foguete Falcon 9, da SpaceX, partindo de Cabo Canaveral, na Flórida, Estados Unidos.
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