"Baseado nas minhas interações diretas com líderes de Washington e de Pequim, eu não acredito que nenhum ou algum dos lados queira uma guerra. Os dois lados não querem ficar presos numa espiral de escalada inexorável", defendeu hoje o chefe da diplomacia singapurense, que foi o orador convidado no segundo e último dia do Seminário Diplomático, em Lisboa.
A relação entre os EUA e a China, sublinhou, baseia-se numa "falta de confiança estratégica", ou seja, uma relação "em que é preciso assumir o pior, tomar precauções, mas as precauções podem ser interpretadas ou mal-interpretadas para requerer reações contrárias e é assim que se corre o risco de acidentes ou simplesmente erros de cálculo".
"É isso que mais nos preocupa, não uma provocação deliberada que leve a uma guerra, mas um mal-entendido", admitiu.
Balakrishnan referiu que, "por causa da forma como se olham, há um perigo", ressalvando: "Não acredito que seja inevitável".
O governante questionou se "é possível que a América e a China possam desenvolver uma relação sem terem de entrar em guerra antes, como a Alemanha e a França, como Espanha e Portugal?".
"Se encontrarmos um caminho para fazer um curto-circuito e evitar guerras, é possível fazer colaborações `win-win`", defendeu, antes de deixar uma mensagem de otimismo.
"A nossa esperança é alcançar uma arquitetura global aberta e inclusiva, em que todos tenham uma parte no sucesso dos outros e em que a América e a China não sintam a necessidade de ir para uma guerra para resolver quaisquer questões", sublinhou.