Moçambique emite três mandados internacionais de captura para "potenciais" mandantes de raptos

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De acordo com fonte do Sernic, os três suspeitos estão identificados e aquela autoridade de investigação criminal moçambicana está a trabalhar em coordenação com a Interpol para a sua detenção, suspeitando que se encontrem na vizinha África do Sul.

O objetivo é a sua detenção e extradição para serem julgados em Moçambique, acrescentou a fonte.

Mais um empresário foi raptado esta segunda-feira, no centro de Maputo, confirmou anteriormente à Lusa fonte do Sernic.

O rapto aconteceu às primeiras horas da manhã, junto a uma unidade hoteleira da cidade de Maputo, com a vítima a ser colocada à força na viatura dos alegados raptores, conforme imagens do momento do crime.

A comissão política da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) admitiu na sexta-feira "profunda inquietação" com os raptos que continuam a registar-se em Maputo, pedindo às autoridades para aperfeiçoarem o combate a estes crimes.

O Sernic anunciou também na sexta-feira ter desmantelado uma residência, nos arredores de Maputo, que serviria para cativeiro de uma próxima vítima de rapto na capital.

"É uma residência que já tinha sido preparada para ser usada como mais um cativeiro aqui na Matola-Rio, no bairro Djonasse", anunciou Hilário Lole, porta-voz do Sernic em Maputo.

No interior da residência foram encontradas correntes, pregos e martelos, que o Sernic suspeita que serviriam para manietar a próxima vítima, entre outros equipamentos, tendo ainda sido detido um suspeito, pelo arrendamento da residência.

"Na sua posse também foi possível apreender um instrumento de tipo GPS, que era usado para fixar nas viaturas das vítimas (...) e fazer o rastreio da movimentação das vítimas até ao ponto [em] que poderiam executar os crimes de rapto", explicou o porta-voz do Sernic.

Cerca de 150 empresários foram raptados em Moçambique nos últimos 12 anos e uma centena deixaram o país por receio, segundo números divulgados na semana passada pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que defende que é tempo de o Governo dizer "basta".

"Já vão a caminho de 150. Abandonaram o país mais de uma centena. Não estamos a falar daqueles que exerciam cargos da administração ou direção, se contarmos com esses são muitos mais. Estamos a falar daqueles que detinham o capital, eram os acionistas das empresas", afirmou, em conferência de imprensa, em Maputo, o presidente do pelouro de segurança e proteção privada da CTA, Pedro Baltazar.

"Passados cerca de 12 anos desde a ocorrência do primeiro rapto, achamos que é tempo suficiente para que o Governo se pressione de forma mais pragmática a dar um basta a este mal. Por isso, reiteramos a necessidade de o Governo acolher as medidas propostas pelo setor privado", afirmou o dirigente da CTA, reconhecendo o impacto de "biliões de dólares" na economia e no emprego no país.

A polícia moçambicana registou, até março, um total de 185 casos de raptos e pelo menos 288 pessoas foram detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime desde 2011, anunciou anteriormente o ministro do Interior.

O Presidente de Moçambique reconheceu em julho que o combate aos crimes de raptos ainda constitui um desafio no país e pediu à polícia para trazer a público os seus mandantes: "Tragam pelo menos um mandante, hão de ver que a narrativa vai mudar, porque os mandantes são muito medrosos, a gente basta tomar uma certa medida e eles logo fogem".

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